terça-feira, 18 de agosto de 2015

NOEL ANDRADE - CHARRUA (exclusividade terra brasilis)


Natural de Patrocínio Paulista, interior de São Paulo, Noel Andrade já tem mais de 11 anos de estrada como violeiro. Pesquisador da música e da alma do campo, mostra em suas composições as particularidades e a simplicidade da vida cabocla, o cotidiano do camponês e da terra onde vive.
Seu primeiro álbum Charrua, traz 11 canções, entre composições próprias e de outros artistas. Andrade canta e toca sua viola caipira e é acompanhado por excelentes músicos que criaram os arranjos de cada faixa ao qual participaram. Harpa, tambores, berimbau, rabeca, clarinete, trombone, flauta, sanfona, cello entre outros instrumentos, enriquecem ainda mais o trabalho.

Gravado nos estúdios Bojo Elétrico (SP) e Bordão da Mata (MG), o CD tem a participação de Renato Teixeira, Dércio Marques e do trombonista Bocato, além da mixagem de Ricardo Vignini (do Moda de Rock).
Noel Andrade já participou de inúmeros projetos de viola, inclusive o CD foi lançado através do programa de Ação Cultural (Proac) da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, no qual Noel foi premiado no Concurso de Apoio a Projetos de Gravação de Disco Inédito.

– Comecei a tocar por pura inspiração. Meu avô era músico, e isso me influenciou positivamente. Me encantei com a viola desde a primeira vez que ouvi alguém tocando, e creio que o fato da minha família ser de caipiras mesmo, cheios de costumes da roça, me serviu de muleta para ingressar neste mundo. Além disso, meu avô era músico e isso me influenciou positivamente. Depois de colecionar discos e tudo que tinha a ver com viola, comprei o instrumento e fui a luta para aprender a tocar – lembra Noel.

Por essa época, Noel mudou-se para Belo Horizonte. Lá conheceu o violeiro Chico Lobo e participou do grupo de tradições folclórica Aruanda, que realiza pesquisas sobre cultura popular brasileira e as representa através da música e da dança.

– Éramos quinze tocando ritmos do Brasil inteiro, todos com instrumentos populares, como: sanfona, viola e violão.

Aprendi bastante com eles e aproveitei suas pesquisas para enriquecer meu conhecimento. Ao mesmo tempo Chico Lobo me colocou em seu projeto 'Canto da viola', um encontro de jovens violeiros. Durante meses foi convidando violeiros e desses, escolheu quatro para fazer um especial. Fui um dos escolhidos. Fizemos uma turnê e gravamos um disco – conta.

– Depois vim morar em São Paulo e comecei a tocar com pessoas importantíssimas, entre elas: Kátya Teixeira, Dani Lasalvia, Doroty Marques, com quem colaborei em dois discos, o primeiro aqui em São Paulo, 'O canto da mata atlântica', e o outro na Chapada dos Veadeiros - GO, 'Criunana', um projeto que realizou com uma comunidade de lá – continua.

Também tocou com Dércio Marques, Zé Gomes, Negão dos Santos, e outras figuras da música popular brasileira.

– A chamada 'música regional é algo muito forte em mim. Passo o som da viola, que é a base do meu trabalho, contudo sou influenciado por todos esses grandes mestres. Normalmente quando produzo não penso que farei uma música caipira ou regional. Produzo de forma espontânea, e o que surge para mim não tem rótulo, até porque acho difícil rotular o trabalho que eu e meus companheiros violeiros fazemos – expõe.

– Cantamos o sentimento do homem do campo, o seu amor que é bem simples e está sempre retratado dentro do cenário que vive. Nossa música nada tem a ver com a chamada 'sertaneja' vendida por aí, com letras que não representam o cotidiano do camponês, e com gente que não fala, canta ou se veste como um caboclo. Não tenho nada contra os tais, porém não são sertanejos – acrescenta.

Raízes no campo

– Me sinto um privilegiado por ter nascido no interior, ter sido criado dentro da cultura do homem caboclo, e depois viver em grandes cidades, conhecendo assim um pouco dos dois lados, e não perder a ligação com o campo. Meu avô era bem roceiro mesmo, vivia de fazer negócios na roça. Meu pai me deixou um sítio que 'toco pra frente'. Enfim, tenho uma ligação muito forte com o meio rural. Minhas canções retratam um pouco essa 'mistura' de culturas – continua.

Noel é considerado um 'violeiro urbano' da nova geração da música regional, com composições que sofisticam a viola caipira, sem perder sua riqueza.

– Creio que somos representantes da música camponesa brasileira, que é bem diversificada. Se pegarmos de norte a sul do país, encontramos grande variedade de estilos, de jeitos. Uma com tem influência portuguesa, outra espanhola, outra indígena, outra é música de fronteira – explica.

– Procuro valorizar o que realmente é cultura, aquilo que o homem apurou dentro do que tem de bom, fugindo dos rótulos, e da ideia de querer provar que é o melhor. Toco meu instrumento o suficiente para mostrar para o meu povo as informações culturais necessárias. A nossa música rural é muito rica. É música do povo – acrescenta.

– O disco é fruto do contato com artistas maravilhosos e de pesquisas diversas. 'Charua' tem algumas canções minhas e outras que recolhi nas minhas andanças. É um trabalho bem diversificado, dentro do universo da música popular brasileira, tendo como base a viola caipira – conta.

Charua é o nome de uma tribo indígena, uma embarcação, e também a denominação que se dá para a finalização de uma trança de couro.

– É um acabamento usado para esconder todas as pontas da trança. Escolhi o nome por conhecer essa trança. Ela tem várias pontas que se encontram e se escondem. Entendo ser como as canções que fui recolhendo, trazendo para dentro do repertório, encerrando uma história. E estou muito feliz de poder gravar tantas músicas bonitas no meu primeiro disco – declara alegremente.

– Tem músicas minhas, parceria, música instrumental, e de pessoas fantásticas: tem uma do Euclides dos Santos, uma inédita do Renato Teixeira, do Luiz Perequê, do folclore de Ubatuba. Tem 'Tropeiro', uma música inédita do Godofredo Guedes, pai do Beto Guedes. Ele tem umas canções muito conhecidas, cantadas por grandes nomes, mas que ninguém nem sabe que é dele – conta.

– Uma faixa que gostei muito de gravar foi 'Buzina de Prata', da Rosinha de Valença. Junto com o Negão dos Santos, fiz arranjos novos, introduzi uma harpa paraguaia. É um trabalho bem diversificado, contudo a viola é o fio condutor. Está muito bonito o trabalho, porque para mim o importa não é ser aquele que 'toca bem pra chuchu', e sim aquele que leva uma mensagem para as pessoas, emociona, e respeita a cultura popular – conclui Noel Andrade.

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