sábado, 1 de agosto de 2015

ANA SALVAGNI - ALMA CABLOCA



Ana Maria Salvagni nasceu em Taquaritinga (SP), no dia 16 de dezembro de 1969. Cresceu na fazenda, por baixo dos flamboyants e paineiras, água, terra, ar puro e, às vezes, fogo no canavial. Sua mãe, de voz forte e bonita, é uma cantora que nasceu pronta, embora tenha sido mesmo professora; o pai,fazendeiro, também tocava piano, sanfona e fazia músicas; tinha um avô seresteiro e uma avó que tocava maxixes e valsas de Ernesto Nazareth. Estes e outros sons retratam sua primeira e grande referência musical. Dos saraus em sua casa, na época em que era menina, trouxe consigo a simplicidade e a riqueza das canções antigas e da tradição oral.
Concluiu o curso de piano pela Escola Técnica de Artes Santa Cecília, Taquaritinga, em 1987. Em Campinas, complementou seus estudos no Conservatório Carlos Gomes em 1988 e ingressou, em 1989, no curso de Regência da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, formando-se em 1994.
Neste mesmo ano, iniciou o estudo de canto com Maurício Martinazzo e começou verdadeiramente a cantar. Passou a participar dos espetáculos do Duo Bem Temperado, junto ao violinista, rabequeiro e compositor José Eduardo Gramani, e à cravista Patrícia Gatti. Quando as participações tornaram-se intensas, o Duo transformou-se no Trio Bem Temperado. A sonoridade surpreendente, gerada pelo virtuosismo dos músicos e pela mistura do som rústico da rabeca com o refinamento do cravo, era ainda valorizada pelas composições brejeiras de Gramani, que também fazia os arranjos para as canções.
Sua estréia aconteceu no teatro Paiol, em Curitiba (PR), em 1994. Em seguida, realizou sua primeira gravação: a participação no CD Trilhas (independente), que recebeu duas indicações para o prêmio Sharp 1994.
Em 1996 participou do espetáculo “Fauvel, a Carreira de um Asno”, sobre texto medieval adaptado por Fernando Carvalhaes, ao lado de artistas como Ivan Vilela, Zé Esmerindo e Diane Ichimaru.
Em 1997, com José Eduardo Gramani, formou o Duo Anagrama, de voz e rabecas, sobre repertórios da tradição oral brasileira e da renascença européia.
Em 1998, com Paulo Freire, estreou o show Viola e Voz, que, ainda hoje, é apresentado em diversas cidades brasileiras.
Em 1999 lançou seu primeiro CD - “Ana Salvagni”
(independente), resultado do trabalho de viola e voz. O CD tem produção e direção musical sua e de Paulo Freire, que também foi responsável pelos arranjos. O CD traz um repertório de domínio público e de canções populares tradicionais. Cantos de trabalho, modinhas e outros ritmos regionais são combinados com composições de músicos da vanguarda paulistana: Luiz Tatit, José Miguel Wisnik, Ricardo Breim e André Abujamra. Em 2000 apresenta em espaços culturais de Campinas o show Canção Brasileira, com o violeiro Paulo Freire e o violonista Zé Esmerindo.
Em 2003 apresenta o show Cantadeira, com Zé Esmerindo e Dalga Larrondo (percussão), em temporada na Estação Santa Fé, em Campinas. Com este novo repertório, começa a conceber seu segundo CD.
Em 2005 lançou o CD “Avarandado” (independente), em que assume também a produção e a direção musical. No repertório, canções, valsas e sambas compostos entre 1930 e 1970, de compositores como Hekel Tavares, Dilu Melo, Caetano Veloso, Elomar e Dorival Caymmi. Além das cantigas de tradição oral, traz também músicas de Paulo Freire, Levi Ramiro, J. E. Gramani e Ricardo Matsuda. Com arranjos de Edmilson Capelupi, Paulo Freire, Ricardo Matsuda, Swami Jr, Toninho Ferragutti e Zé Esmerindo, consegue traduzir, com este trabalho, a simplicidade e o lirismo de uma ampla e gostosa varanda.
A partir de 2005, passa a se apresentar com Edmilson Capelupi (violão de sete cordas), Daniel Allain (flauta) e Marcelo Costa (percussão), no show Avarandado.
Ministrou a Oficina da Voz em Florianópolis, dentro da Mostra SESC de Música, nas edições 2005 e 2006.
Em 2006, estréia o show Brincadeira de Viola, sobre repertório de canções folclóricas infantis, registrado no CD homônimo de Paulo Freire, lançado em 2003.
No mesmo ano, foi professora de música na Escola Waldorf Veredas, em Campinas.
Em junho de 2006, lançou livro de poesias "Janela sem Tranca", pela editora Komedi, com prefácio escrito por Chico César.
Em 2007 trabalha na Oficina Contos e Cantos, pela PREAC – Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – UNICAMP, junto à contadora de histórias Malu Neves.
Em 2009 lança o CD “Alma Cabocla”, sobre a obra do compositor Hekel Tavares (1896-1969), com direção musical de Edson Alves. O CD é fruto de um projeto contemplado pelo Programa Cultural Petrobras.
REGÊNCIA
Aos 13 anos, ingressou no Coral Municipal de Taquaritinga e, no momento em que tomou contato com o trabalho da regente Cecília Tucci, de Jaboticabal (SP), conheceu o desejo e a vocação de ser uma regente coral.
Em Campinas, cursou Regência na UNICAMP entre 1989 e 1994, tendo como professores Helena Starzinsky e Henrique Gregori.
Entre 1990 e 1996 freqüentou cursos de férias em Londrina e Curitiba (PR), tendo aulas de regência, prática de coral e técnica vocal, com professores como Elza Lakschevitz, Marcos Leite, Roberto de Regina e Mara Campos.
Em 1989 foi regente do Coral Municipal de Taquaritinga (SP). Entre 1992 e 1995 regeu o Madrigal Boca a Boca, de Campinas (SP). Em 1995 foi regente convidada do Madrigal Cantabilis, de Jundiaí (SP), e durante onze anos esteve à frente do Coral Da Boca Pra Fora, em Campinas.
Atualmente, rege o Coral Municipal Em Canto de Morungaba (SP), onde atua desde 1995, e o Coral Açucena - grupo feminino formado em 2008, em Barão Geraldo - Campinas.
Foi auxiliar de pesquisa no projeto “Rabeca, o Som Inesperado”, em 1996, proposto por José Eduardo Gramani e financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Durante as pesquisas de campo, teve contato com músicos e artesãos da Ilha de Valadares (Paranaguá-PR), Morretes (PR), Iguape (SP) e Marechal Deodoro (AL), conhecendo de perto um pouco da música e da cultura popular dessas localidades.


Por conta da pesquisa, foi consultora no livro “Rabeca, o Som Inesperado”, organizado por Daniella Gramani e lançado em 2002. É casada com o músico Paulo Freire, com quem tem os filhos Laura, nascida em 1999, e Augusto, nascido em 2001.


Eu canto aqui um pouco da belíssima obra do compositor alagoano Hekel Tavares (1896-1969), principalmente as composições do final da década de 1920 e início da década de 30, em linguagem predominantemente popular, diferente de sua fase posterior, erudita. Conheci cerca de 70 músicas do seu repertório, através de partituras e antigas gravações. Entre a escolha do repertório e o CD já pronto, foi um longo trilhar, mas a caminhada foi boa, ao lado de todos os maravilhosos artistas que vieram comigo. Com a satisfação de quem fez uma grande descoberta, divido com vocês este tesouro - poesia, simplicidade, inspiração. Que a música de Hekel Tavares aqueça e cale fundo em vossas almas caboclas.

                                                                                              Ana Salvagni



Se vc gostou compre o original, valorize a obra do artista.


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TERRABRASILIS













































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