quinta-feira, 27 de agosto de 2015

LUIZ CALDAS - MUNDÃO DE DEUS - 2013

Quem tem mais de 30 anos vai lembrar desse grande cantor  e multi-instrumentista baiano de Feira de Santana, considerado pela maioria como o criador da axé music, ficou esquecido pela mídia mas deixou uma cifra de 2 milhões de discos vendidos na década de 80 com o saudoso 'nega do cabelo duro", coisa irreal nos tempos de hoje.
Exímio multi-instrumentista começou muito cedo na estrada em bailes, como garoto pobre tinha que trabalhar pesado para manter seus sonhos.
Mesmo longe da mídia não deixou de lançar grandes discos em todos estilos que imaginar, rock, samba, bossa nova, pop, moda de viola, seresta, em ingles, espanhol e até tupi guarani.
Gosto de alguns, outros não, mas tudo gosto pessoal, isso não quer dizer que são importantes.
Definir Luiz Caldas é como a  terra é fértil e todo dia é dia de música, e de todos os tipos.
Excelente álbum !!!!
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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

CARLINHOS PIAUI - CONTERRANEOS

"Eu trago um recado de nossos ancestrais, cantigas que já não se ouvem mais" - Carlinhos Piauí.

 “A nostalgia e o saudosismo são o ponto de partida para o surgimento da poesia em minha mente e em meu coração”,  Carlinhos Piauí 


A voz, o carisma e a sensibilidade poética tornaram Carlos Augusto da Silva mais do que um artista completo, fizeram dele alguém respeitado e admirado.  Carlinhos Piauí era nordestino, nasceu em Teresina, no estado do Piauí, em 1963, mas escolheu o Gama para fincar as raízes. Ele chegou à cidade aos 11 anos e aqui conquistou fãs, fez amigos, constituiu família e trilhou a trajetória. Até mesmo o nome artístico adotado por Carlinhos é resultado da infância vivida na cidade: as crianças o apelidaram de Carlinhos Piauí e esse nome ele carregou durante toda a vida.
Além de ser cantor e compositor, Carlinhos Piauí também se destacou como ativista cultural na cidade. Desenvolveu algum tempo a função de produtor cultural na Associação de Assistência aos Trabalhadores em Educação do Distrito federal (ASEF) e por dois anos esteve à frente da Diretoria Social da Administração Regional do Gama. Cargo que ocupava quando descobriu o câncer nos rins, em dezembro de 2012. Dois meses depois, em fevereiro, Carlinhos foi hospitalizado e morreu no dia 4 de março, a doença havia se espalhado por todo o corpo, em uma fase chamada metástase.
A música encontrou Carlinhos em 1976, quando ele estava com 13 anos.  No início, os encontros com o violão aconteciam às escondidas. Isso por que o instrumento pertencia ao irmão. Por ser canhoto, precisava tocar ao contrário, o que não foi nenhum empecilho, logo ele adquiriu domínio sob as cordas.
FMPG
Foi no final dos anos 70, que Piauí participou do primeiro festival o 1º Festival de Música Popular do Gama, realizado em 1979. Na edição seguinte do FMPG, ganhou o prêmio junto ao grupo Sertão. A participação em festivais continuou e o nome do músico e compositor se solidificou no cenário cultural do Distrito Federal e de estados da região Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Para o poeta e compositor Paulo Avelino, 50, amigo de Piauí desde 1995, o sucesso se deve ao trabalho original desenvolvido pelo artista. Carlinhos Piauí carregava na essência a cultura popular e nordestina. “Quando eu conheci o Carlinhos, já era um nome forte na música de Brasília. Ele representava o nordeste muito bem”.

Avelino, chamado simplesmente de Poeta por Piauí, conta que o cantor levava para os palcos artistas como Luiz Gonzaga, Alceu Valença e Ivanildo Vila Nova e também incluía no repertório compositores da região desconhecidos. “Imagina, ele tocava Jackson do Pandeiro, e tocava Paulo Avelino, Luthemberg Peixoto. Então é interessante isso, você pega um cara que vai lá nas raízes e que também tocava música nossa”. A música “Baião Sonhado”, que está no primeiro CD intitulado “Conterrâneos” (1999), é uma parceria entre Piauí, Avelino, Zé Miguel e o poeta Pezão. “A música que Carlinhos gravou abriu muitas portas para mim. Eu era conhecido mais como poeta. Já como compositor, me tornei conhecido depois que ele gravou essa canção”.
Difundir e valorizar o trabalho dos artistas populares se tornou uma marca registrada de Piauí. “Ele sempre foi muito fiel ao estilo, às raízes. É nordestino, desenvolvia um trabalho alternativo e não flexionava esse gênero de forma alguma. Era aquilo ali e era aquilo mesmo”, observa o cantor e compositor Jairo Mendonça, 42. Mendonça chegou ao Gama na década de 90 e conheceu Piauí no movimento cultural da cidade. “Ele foi um artista extremamente original. Era um bom compositor e um excelente interprete. Tinha uma voz forte e muito marcante”, ele acrescenta que Carlinhos Piauí é uma das referências musicais que tem. “Ele é referência não só para mim, mas para muitos outros músicos mais jovens, que seguiram nessa trilha”.
FAMÍLIA
Se nas ruas Carlinhos Piauí inspirava e motivava os amigos e o público, no ambiente Única menina dos quatro filhos Rebeca Braga - arquivo pessoalfamiliar não era diferente. Por influência do pai, a filha mais nova Rebeca Braga, 19, aprendeu a tocar violão. A “Passarinha”, apelido pelo qual Piauí carinhosamente chamava a filha, conta que ela e os irmãos sempre acompanharam a vida artística do pai. “Ele é meu ídolo! Ele sempre levava a gente nos shows que fazia, cresci o ouvindo cantar”. Mateus Braga, 21, lembra que o pai sempre costumava tocar e cantar em casa. “Quase todos os dias, a gente chegava em casa e ele ficava cantando para a gente”. Assim como Rebeca, Mateus e Tiago Ramos,30, também carregam nas veias o dom artístico. Mateus é dançarino de break e toca bateria na igreja em algumas ocasiões, já Tiago toca cavaquinho, ocasionalmente.
DISCOGRAFIA
 Carlinhos Piauí gravou 5 cds: Conterrâneos (199), Estradas e Terreiros (2002), Correndo (2005), Sertão de Cabo a Rabo (2009) e Sertão de Cabo a Rabo 2º ato (2011), que teve participação da filha Rebeca Braga, na música “ Menino e o mar”. Os dois últimos foram gravados com um grupo de forró e com o poeta Ruiter Lima, 65. Lima conta os álbuns surgiram de forma espontânea. Em 2003, se encontraram por acaso e fizeram uma apresentação de poesia e música de forma improvisada, mas que agradou ao público. Após esse show, foram convidados para tocar em outros locais. “Eu falei, Piauí é o seguinte a gente está naturalmente com uma apresentação pronta de poesia matuta e música de raiz. Começamos então a trabalhar”. O espetáculo passou por 63 escolas e por algumas cidades como Palmas-TO e Formoso – MG. Com o projeto pronto, decidiram fazer a gravação dos álbuns.
A parceria entre Ruiter Lima e Carlinhos Piauí deu certo. Os dois planejavam realizar um novo trabalho juntos, dessa vez seria a montagem teatral do espetáculo Sertão de Cabo a Rabo, que contaria com a participação de dois atores. Eles participaram do edital de seleção do Fundo de Apoio à Cultura e foram selecionados. “Eu não pude dar essa notícia para o Piauí, quando o resultado saiu ele já tinha falecido. Agora eu vou ter que realizar o espetáculo e eu estou pensando como vou fazer, porque substituir o Piauí não vai ser mole”, revelou Lima. Piauí trabalhava também na produção de um CD, ele chegou a gravar todas as faixas, mas sem a parte instrumental. O álbum é composto por canções de forró de outros artistas.
Amigos de Piauí colhem assinaturas para dar o nome de Piauí a uma área da Feira Permanente frequentada por artistas da cidade. A intenção é criar o “Espaço Cultural Carlinhos Piauí”.
POR TRÁS DOS PALCOS….
Piauí encantava o público enquanto interpretava e cativava as pessoas com o bom humor e simpatia. “Ele era muito amigo de todo mundo. Carlinhos tratava todo mundo muito bem”, relata Paulo Avelino e, conta entre risos, que guarda muitas recordações e histórias de Piauí, e ressalta que algumas podem ser reveladas outras não.
Para o gerente de cultura da Administração Regional do Gama Manoel Messias, amigo e colega de trabalho de Piauí, a principal característica do diretor Social no trabalho e no dia a dia era a calma e a capacidade de diálogo, além de ser alguém muito engraçado ressalta. “Ele era o elo apaziguador entre Manoel e os artistas. Manoel estourado e ele fazia a mediação. Ele fazia isso muito bem, pois era mais calmo que eu e com uma sensibilidade cultural muito maior também”.
Jairo Mendonça além de ter tido Piauí como referência também se tornou amigo do cantor e guarda de Carlinhos Piauí a alegria. “De tudo ele fazia uma piada. Às vezes ele era engraçado até quando não queria ser. Era uma figura muito leve, muito amigo, muito tranquilo e muito na dele”.
Mesmo enquanto esteve doente Piauí manteve o bom humor e o pensamento positivo. O filho Mateus Braga revela que o pai estava internado e sempre fazia uma piada para as visitas. “Esse é uma das características dele que eu me espelho. Apesar de tanta coisa, ele estava sempre animado, aonde chegava fazia o povo rir, até mesmo no hospital ele fazia gracinha”.
Mais do que um pai, Carlinhos Piauí foi um companheiro. É o que diz o filho mais velho Tiago Ramos. “Ele sempre foi o meu amigo, o meu confidente. A gente conversava muito e sobre tudo!”.

"Uma perca irreparável.....

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domingo, 23 de agosto de 2015

PASSOCA - BREVE HISTORIA DA MUSICA CAIPIRA

Marco Antonio Vilalba.
Violeiro. Cantor. Compositor. Nasceu em Santos, mudando-se depois para Ribeirão Preto, onde fixou residência. Formou-se em Arquitetura.
Quando estudante, sofreu influências da música de João Gilberto e Chico Buarque. Nos anos 1970 tocou no grupo Flying Banana. Tocou bateria e violão, trocando esses instrumentos pela viola no final dos anos 1970, influenciado por Renato Teixeira e Almir Sater. Fez aberturas de shows de Ednardo e do grupo Bendegó.

Em 1978 lançou o primeiro disco, um compacto simples com as músicas "Cão vadio" e "Sombras". Em 1980 lançou seu primeiro LP, "Que nada", no qual gravou entre outras, "Bicho de pé", parceria com Renato Teixeira, "Viola braguesa" e "Era na era", de sua autoria e "Guacyra", clássico de Hekel Tavares e Joracy Camargo. Em 1982, compôs e gravou "Sonora garoa", uma de suas principais composições.

Ao longo da carreira, já lançou seis discos. Em 1995, lançou o CD "Sabiacidade", no qual interpretou "O trenzinho caipira", de Villa-Lobos e Ferreira Gullar e a inédita "Moda de Botucatu", de Angelino de Oliveira e Chico de Paula. Em 1997, lançou pela Devil Discos o CD "Breve história da música caipira", onde interpreta diversos clássicos da música sertaneja, com obras de João Pacífico, Raul Torres, Alvarenga e Ranchinho, Tião Carreiro e Renato Teixeira e Angelino de Oliveira. No mesmo ano, participou no Rio de Janeiro da série "Violão brasileiro", no Museu do Telephone.

Em 1998, participou do projeto "Violeiros do Brasil", em shows realizados em diversas cidades do país, pelo Sesc-Núcleo Contemporâneo, que resultou no CD Homônimo, gravado ao vivo durante o show. Em 1999, gravou um disco independente com músicas inéditas de Adoniran Barbosa incluindo "Ditado", que ele musicou a partir da letra deixada pelo compositor paulista. No mesmo ano, apresentou-se novamente no Rio de Janeiro, no Museu da República.
Participou, em 2004, do CD "Violeiros do Brasil, com a faixa "Tristeza do Jeca", de Angelino de Oliveira. O disco foi gravado ao vivo no Teatro do Sesc Pompéia entre agosto e setembro de 1997 e lançado em junho de 1998, pelo SESC-Núcleo Contemporâneo. Em outubro de 2004, o CD foi relançado pelo Selo Revivendo. A edição apresenta importantes artistas da viola caipira das várias regiões do Brasil, entre os quais, Almir Sater, Zé Gomes, Renato Andrade, Roberto Corrêa, Paulo Freire, Ivan Vilela, Pereira da Viola, Josias Dos Santos, Angelino de Oliveira, Renato Andrade, Tavinho Moura, Heitor Villa-lobos, Zé Mulato e Cassiano e Zé Coco do Riachão. O projeto foi idealizado pela produtora Myriam Taubkin e a gravação do disco foi sugerida pelo músico e produtor Benjamim Taubkin. Em 2005, comemorou 30 anos de carreira com o lançamento de uma caixa de três CDs de seu selo em associação com a gravadora Atração. Dois dos Cds, "Breve história da música caipira" e "Passoca canta inéditos de Adoniran Barbosa" são reedições. O novo é "Passoca canta João Pacífico, que reúne clássicos do consagrado compositor da música caipira, como "Cabocla Teresa", "Pingo d'água", "Chico Mulato", "Mourão da porteira" (parcerias com Raul Torres) e, ainda,"Minha rua vai se chamar saudade", "No fim da estrada" e a parceria de Pacífico com o próprio Passoca, "Rio Tietê". Em 2012, em homenagem ao 458o aniversário da cidade de São Paulo, lançou o CD "Suíte paulistana". O álbum foi indicado no ano seguinte ao 24o Prêmio da Música Brasileira, na categoria Música Regional/Melhor Álbum. Em 2015, apresentou o show "A Breve História da Música Caipira”, no SESC de São Caetano do Sul (SP), cantando e tocando viola caipira, acompanhado de violão e percussão. Na apresentação, além de interpretar clássicos do mundo da viola, como músicas de Alvarenga e Ranchinho, Inezita Barroso, Raul Torres, João Pacífico, e Cascatinha e Inhana, contou causos e curiosidades sobre a vida de artistas que construíram a história da música caipira/sertaneja.

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terça-feira, 18 de agosto de 2015

RENATO TEIXEIRA E SERGIO REIS - AMIZADE SICERA II

RENATO TEIXEIRA E SÉRGIO REIS: AMIZADE NA VIDA E NO PALCO

Após o grande sucesso de público e venda do primeiro DVD da parceria, Renato Teixeira e Sérgio Reis voltam a presentear os fãs da boa musica brasileira com o projeto AmizadeSincera II.

O DVD é uma curadoria da música caipira. Trata-se de uma homenagema grandes compositores e intérpretes das letras e melodias que marcaram os mais variados públicos do nosso país. A união do rústico com o clássico foi o foco deste projeto que buscou encontrar uma linguagem própria e inédita, tecendo um fio coeso entre conteúdo e estética. Em suma, este DVD é um retrato intimistade algo singular que é a simplicidade emocionante da música sertaneja de raiz.

Amigos desde os anos 60, Renato e Sérgio são vizinhos e já trocaram diversas experiências musicais. O Serjão inclusive já gravou quase todos os clássicos de autoria de Teixeira. E finalmente essa amizade resultou em um 2 DVDs com 22 faixas e CD com 14 canções.

A direção musical ficou por conta dos próprios cantores. O repertório inclui composições que os fãs da música sertaneja rural brasileira conhecem bem, como Deus e Eu no Sertão,Cuitelinho, Beijinho Doce, Canção da América, Cabecinha no Ombro e Saudade Danada, trazendo ainda canções inéditas como A Visita da Canção, uma linda homenagem de Renato Teixeira aoamigo Sérgio Reis, e também Imenso Jardim com participação dos netinhos de Teixeira.

Participações mais que especiais integram  o Amizade Sincera II traz as participações de Amado Batista, Toquinho e João Carreiro da dupla João Carreiro & Capataz que compôs uma linda canção em homenagemaos mestres Renato e Sérgio intitulada Gratidão.


A banda inclui um filho de Renato, Chico Teixeira no violão de doze cordas, e e um filho de Sérgio Reis, Paulo Bavini na viola de dez e violão.

Completam o grupo Dudu Portes (renomado baterista que já tocou com Elis Regina), Levy no baixo e Natan Marques (Violão/Guitarra) que assina a direção musical e arranjos do novo DVD, Marco Bavini filho de Sérgio Reisassina a produção musical

A direção do DVD é do talentoso Leonardo Liberti, o Light designer Luciano Costa, na direção de fotografia juntamente com o diretor Liberti conseguiram atingir luz e cenário ideais para a linguagem proposta. Um espetáculo único.
  
O DVD Amizade Sincera II é uma curadoria da música caipira noBrasil.Faixas do cd

01 – Deus e Eu No Sertão
02 – Folia de Rei
03 – Você Vai Gostar
04 – Saudade Danada (Part. Chico Teixeira)
05 – Cuitelinho (Part. Toquinho)
06 – Na Boca da Noite (Part. Toquinho)
07 – De Papo Pro Ar
08 – Imenso Jardim
09 – Eu e Meu Irmão
10 – Pingo d’água (Part. Amado Batista)
11 – Cabecinha no Ombro
12 – Chuá, Chuá (Canção)
13 – A Visita da Canção
14 – Canção da América


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NOEL ANDRADE - CHARRUA (exclusividade terra brasilis)


Natural de Patrocínio Paulista, interior de São Paulo, Noel Andrade já tem mais de 11 anos de estrada como violeiro. Pesquisador da música e da alma do campo, mostra em suas composições as particularidades e a simplicidade da vida cabocla, o cotidiano do camponês e da terra onde vive.
Seu primeiro álbum Charrua, traz 11 canções, entre composições próprias e de outros artistas. Andrade canta e toca sua viola caipira e é acompanhado por excelentes músicos que criaram os arranjos de cada faixa ao qual participaram. Harpa, tambores, berimbau, rabeca, clarinete, trombone, flauta, sanfona, cello entre outros instrumentos, enriquecem ainda mais o trabalho.

Gravado nos estúdios Bojo Elétrico (SP) e Bordão da Mata (MG), o CD tem a participação de Renato Teixeira, Dércio Marques e do trombonista Bocato, além da mixagem de Ricardo Vignini (do Moda de Rock).
Noel Andrade já participou de inúmeros projetos de viola, inclusive o CD foi lançado através do programa de Ação Cultural (Proac) da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, no qual Noel foi premiado no Concurso de Apoio a Projetos de Gravação de Disco Inédito.

– Comecei a tocar por pura inspiração. Meu avô era músico, e isso me influenciou positivamente. Me encantei com a viola desde a primeira vez que ouvi alguém tocando, e creio que o fato da minha família ser de caipiras mesmo, cheios de costumes da roça, me serviu de muleta para ingressar neste mundo. Além disso, meu avô era músico e isso me influenciou positivamente. Depois de colecionar discos e tudo que tinha a ver com viola, comprei o instrumento e fui a luta para aprender a tocar – lembra Noel.

Por essa época, Noel mudou-se para Belo Horizonte. Lá conheceu o violeiro Chico Lobo e participou do grupo de tradições folclórica Aruanda, que realiza pesquisas sobre cultura popular brasileira e as representa através da música e da dança.

– Éramos quinze tocando ritmos do Brasil inteiro, todos com instrumentos populares, como: sanfona, viola e violão.

Aprendi bastante com eles e aproveitei suas pesquisas para enriquecer meu conhecimento. Ao mesmo tempo Chico Lobo me colocou em seu projeto 'Canto da viola', um encontro de jovens violeiros. Durante meses foi convidando violeiros e desses, escolheu quatro para fazer um especial. Fui um dos escolhidos. Fizemos uma turnê e gravamos um disco – conta.

– Depois vim morar em São Paulo e comecei a tocar com pessoas importantíssimas, entre elas: Kátya Teixeira, Dani Lasalvia, Doroty Marques, com quem colaborei em dois discos, o primeiro aqui em São Paulo, 'O canto da mata atlântica', e o outro na Chapada dos Veadeiros - GO, 'Criunana', um projeto que realizou com uma comunidade de lá – continua.

Também tocou com Dércio Marques, Zé Gomes, Negão dos Santos, e outras figuras da música popular brasileira.

– A chamada 'música regional é algo muito forte em mim. Passo o som da viola, que é a base do meu trabalho, contudo sou influenciado por todos esses grandes mestres. Normalmente quando produzo não penso que farei uma música caipira ou regional. Produzo de forma espontânea, e o que surge para mim não tem rótulo, até porque acho difícil rotular o trabalho que eu e meus companheiros violeiros fazemos – expõe.

– Cantamos o sentimento do homem do campo, o seu amor que é bem simples e está sempre retratado dentro do cenário que vive. Nossa música nada tem a ver com a chamada 'sertaneja' vendida por aí, com letras que não representam o cotidiano do camponês, e com gente que não fala, canta ou se veste como um caboclo. Não tenho nada contra os tais, porém não são sertanejos – acrescenta.

Raízes no campo

– Me sinto um privilegiado por ter nascido no interior, ter sido criado dentro da cultura do homem caboclo, e depois viver em grandes cidades, conhecendo assim um pouco dos dois lados, e não perder a ligação com o campo. Meu avô era bem roceiro mesmo, vivia de fazer negócios na roça. Meu pai me deixou um sítio que 'toco pra frente'. Enfim, tenho uma ligação muito forte com o meio rural. Minhas canções retratam um pouco essa 'mistura' de culturas – continua.

Noel é considerado um 'violeiro urbano' da nova geração da música regional, com composições que sofisticam a viola caipira, sem perder sua riqueza.

– Creio que somos representantes da música camponesa brasileira, que é bem diversificada. Se pegarmos de norte a sul do país, encontramos grande variedade de estilos, de jeitos. Uma com tem influência portuguesa, outra espanhola, outra indígena, outra é música de fronteira – explica.

– Procuro valorizar o que realmente é cultura, aquilo que o homem apurou dentro do que tem de bom, fugindo dos rótulos, e da ideia de querer provar que é o melhor. Toco meu instrumento o suficiente para mostrar para o meu povo as informações culturais necessárias. A nossa música rural é muito rica. É música do povo – acrescenta.

– O disco é fruto do contato com artistas maravilhosos e de pesquisas diversas. 'Charua' tem algumas canções minhas e outras que recolhi nas minhas andanças. É um trabalho bem diversificado, dentro do universo da música popular brasileira, tendo como base a viola caipira – conta.

Charua é o nome de uma tribo indígena, uma embarcação, e também a denominação que se dá para a finalização de uma trança de couro.

– É um acabamento usado para esconder todas as pontas da trança. Escolhi o nome por conhecer essa trança. Ela tem várias pontas que se encontram e se escondem. Entendo ser como as canções que fui recolhendo, trazendo para dentro do repertório, encerrando uma história. E estou muito feliz de poder gravar tantas músicas bonitas no meu primeiro disco – declara alegremente.

– Tem músicas minhas, parceria, música instrumental, e de pessoas fantásticas: tem uma do Euclides dos Santos, uma inédita do Renato Teixeira, do Luiz Perequê, do folclore de Ubatuba. Tem 'Tropeiro', uma música inédita do Godofredo Guedes, pai do Beto Guedes. Ele tem umas canções muito conhecidas, cantadas por grandes nomes, mas que ninguém nem sabe que é dele – conta.

– Uma faixa que gostei muito de gravar foi 'Buzina de Prata', da Rosinha de Valença. Junto com o Negão dos Santos, fiz arranjos novos, introduzi uma harpa paraguaia. É um trabalho bem diversificado, contudo a viola é o fio condutor. Está muito bonito o trabalho, porque para mim o importa não é ser aquele que 'toca bem pra chuchu', e sim aquele que leva uma mensagem para as pessoas, emociona, e respeita a cultura popular – conclui Noel Andrade.

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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

GRUPO ALDEIA - CANTORIÁ


Essa Aldeia é uma plêiade ritmada de vozes e tum tum tum's violados capaz de pegar raios com a mão. Te chegam do mistério no entender quase brincando de ser música. Moças e moços que descobriram a simplicidade, a beleza e a poesia da música do mundo num caroço de goiaba. Que não fazendo a música, abrem-se em comunhão trans-musical para que se achegue, sem esforço, o tímido som da terra. São uma amostra de músicos que com humildade e as influências certas desenham na história da música uma aquarela há muito procurada. Sons que só depois de esquecidos, hoje se encontram descansados sob a sombra de uma mangueira no centro do Brasil. Sorrindo transparentes. Acessíveis e sem mistérios.

Direto do encarte olha esse texto que te informará:
"O Grupo Aldeia surgiu a partir do encontro de diversos músicos/compositores nos Festivais de Música em Mato Grosso. Além da amizade construída ao longo dos anos, surge a idéia de reunirem-se em torno da prosposta de divulgarem coletivamente suas composições em shows e apresentações públicas. Assim, a partir de 1998 o grupo tem mantido esse trabalho paralelo ao que seus componentes desenvolvem individualmente. (...) um grupo de encontro esporádico (...)

É característica do grupo trazer para o palco artistas locais de onde estejam se apresentando. Assim sendo, já transitaram pelo palco "Aldeia" uma infinidade de músicos/intérpretes/compositores, o que faz com que o grupo apresente uma formação diferenciada em cada lugar, mantendo sempre uma base com os integrantes que deram origem ao projeto: Benone, Thamy, Joãozinho, Anthony, Marcelo e Fausto.

É com esse espírito coletivo que transpira a diversidade cultural que o Grupo Aldeia registra neste primeiro CD. Um trabalho que inclui folia, maracatú, baião, moda de viola... músicas compostas por seus integrantes e duas composições que já marcaram a identidade do grupo por onde passa: Sete (fio da mãe), de Diró Nolasco e Caminhos de Rio de Jean e Paulo Garfunkel."

Um tanto raro esse som já que, além de circular quase que exclusivamente entre músicos, o grupo anda inativo por causa dos projetos individuais de cada membro. Belíssimo CD!!

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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

LUÍS PEREQUÊ- ENCANTO CAIÇARA

Luís Perequê, faz sua estreia no vinil com “Encanto Caiçara” em 1992. Trata-se de um trabalho conceitual, em que Perequê aborda de forma crítica as relações do homem caiçara com a Mata Atlântica.

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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

LUIS PEREQUÊ - AO VIVO

É no mínimo, animador... saber que um artista como Luís Perequê persevera... apesar de todos os fatores adversos... E prossegue... Lutando para preservar a peculiaridade, a originalidade, a personalidade cultural de um povo – o seu povo caiçara.

Luís prossegue... Fiel à sua ideologia, fiel à qualidade de sua poesia e à força de sua mensagem, fiel a seu carisma – atributo que só possuem aqueles que verdadeiramente acreditam no que fazem – e o tomam como missão.

Perequê pertence àquela tribo de gente especial... corajosa... que assume a responsabilidade do dom que a Vida lhe deu... e desempenha seu papel de forma coerente... inserindo seu trabalho no contexto artístico e étnico-social, a serviço do equilíbrio na Sagrada Mãe Natureza.

Luís Perequê é um guerreiro!...

Nascido e criado na zona rural do município de Paraty, Luís Perequê captou e traduziu como ninguém as transformações sociais ocorridas com a construção da BR 101. Suas composições vão retratando em imagens cheias de poesia a vida cotidiana dos moradores da região e as perceptíveis mudanças a partir desse ponto de vista.

Luís não está preso a nenhum clichê, não se submete a rótulos... - impostos pela dita ‘cultura contemporânea’ - e não faz concessões às exigências do mercado – Luís segue... na resistência contra a pasteurização.

Luís Perequê é um desses sujeitos raros, do tipo que não se encontra em qualquer esquina... Estamos falando de um espírito elevado... Uma alma livre... Um líder! Na essência da palavra – em seu campo de atuação.

Tanto, que seu trabalho serve de referência para muitos artistas populares da região e de inspiração para tratados acadêmicos. Poeta, músico, cantador, e produtor musical, suas composições têm sido utilizadas como referência em teses e eventos que discutem o meio-ambiente e a cultura caiçara.

Ativista cultural, orgulhoso de suas raízes, Luís Perequê fundou o Silo Cultural José Kleber e a Vila Caiçara em Paraty, espaços que se propõem a revelar talentos locais e a preservar e divulgar a cultura caiçara. Também criou a Rede Caiçara de Cultura, atual representante do segmento Caiçara na Comissão de Políticas Públicas para Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente.

Luís Perequê já tem quatro CDs gravados:

“Encanto Caiçara” – seu primeiro disco, gravado originalmente em vinil pelo selo Via Cult, em 1992, patrocinado pela Fundação Botânica Margareth Mee e recentemente transformado em CD. “Encanto Caiçara” mereceu a cotação de “ótimo” pelo grande compositor, poeta e crítico musical Aldir Blanc, no ‘Jornal do Brasil’, do Rio de Janeiro. O jornalista e também conceituado crítico de música, Mauro Ferreira, no jornal ‘O Globo’ classifica o trabalho de Perequê como “excelente, de grande vigor musical e profundo teor conceitual. Nada a ver com modismos ecológicos”.

 “Eu Brasileiro” – lançado em 2006, numa parceria entre o Instituto Silo Cultural e a Eletronuclear, foi reverenciado pelo crítico Julinho Bittencourt , do jornal ‘A Tribuna’, de Santos, conquistando destaque e o seguinte comentário:”Luís Perequê é um dos grandes compositores, intérpretes e violeiros do Brasil”.

" Propõe uma viagem sensorial em seu terceiro CD, "Tô Brincando", repleto de sons e letras que nos remetem à infância, mas com poder para cativar igualmente os adultos."

" Ao vivo" este é seu quarto trabalho e reúne um repertório com músicas de seus CDs anteriores, destaque para a faixa inédita “Pé de Moleque”, tema de seu próximo CD, e para os poemas, “Homem Alma” e “Aves e Ervas”, que eram declamados em seus shows, mas ainda não disponíveis para o público.

No CD “Cantos da Mata Atlântica”, compilado e dirigido por Dércio Marques constam sete de suas principais composições e Luís é citado como principal referência da Cultura Caiçara, além de elogiado pelo jornalista Mauro Dias, do jornal ‘O Estado de São Paulo’, que classifica a música de Perequê como “Emocionante. É o que nossos filhos deveriam estar ouvindo, pelo bem deles mesmos”.

Já desfrutando de reconhecimento pela mídia especializada, Perequê tem composições gravadas por: Dércio Marques, Kátia Teixeira, Daniela Lasálvia, Juliana Caymmi, entre outros.

Recentemente, em junho de 2008, Perequê participou do “Festival da Ilha Grande” com Lenine e Almir Sater. Fez o show de abertura da Flip 2008, ao lado de Luís Melodia e participou como convidado do show de Geraldo Azevedo durante o evento, dentro da programação da Off Flip.

Ainda na Off Flip 2008, Perequê fez show com o respeitado músico e pesquisador Zé Gomes, onde juntos fizeram a entrega de uma rabeca ao mais novo grupo de Ciranda de Paraty: o Ciranda Elétrica – que modernizou/revitalizou o ritmo tradicional e que, com isso, recebeu simbolicamente a missão de reintroduzir esse instrumento na música de Paraty.

Assim é: a obra de Luís Perequê é atemporal! E perene em sua profunda sabedoria...

Comparado elogiosamente a outros colegas de profissão como Elomar, Xangai e Vital Farias – ‘irmãos’ do Nordeste do país - fica a impressão de que Luís cumpre seu papel com louvor pelas bandas de cá, interpretando brilhantemente o personagem de cantador do Sudeste...

Luís sinaliza que existe uma luz no fim do túnel! Para este nosso mundo ameaçado... Sinaliza, exercendo sua cantoria de poética apurada e de forte conteúdo... Espalhando sua poderosa mensagem pelos quatro cantos... Disseminando sua arte regional, mas de caráter universal...

Algumas vezes, de forma lúdica, ele toca as almas infantis com suas canções divertidas... Em outras, ele dá o ‘toque’ às mentes maduras sobre a destruição que se vê por aí, fruto da ganância e ignorância, com suas emocionadas e emocionantes letras.

Comparo Luís Perequê a Jorge Drexler – compositor uruguaio, ‘hermano’ sul-americano que logrou o tento de ganhar um Oscar pela bela canção “Del outro lado del rio”... Assim como Drexler, Perequê também, através de sua música inspirada, coloca os costumes e tradições de sua Terra na modernidade, divulgando e preservando os ritmos, os saberes e fazeres de sua gente...

Senhores de tambores e ‘candombes’... ambos seguem, impávidos... fortificando o elo cultural entre as Américas, lutando com seu arsenal sonoro por seus povos, suas culturas, sua essência!

Assim segue Perequê... Zelando pela saúde do Planeta e pela alegria do Mundo!

Concluindo: muito mais que animador, Luís Perequê é ou não é para se celebrar?

por Marilia van Boekel Cheola

Perequê produziu os seguintes CDs:

• Encanto Caiçara – CD do autor patrocinado pela Fundação Botânica Margareth Mee em 1992.

• Gravação do CD Ave Maria do Mato(não lançado), cujos fonogramas já foram utilizados por Dércio Marques no CD Cantos da Mata Atlântica, que foi distribuído nas Escolas Maristas de São Paulo e Minas Gerais.

• Cirandas de Paraty com o grupo Coroas Cirandeiros – o primeiro (e único) CD de Ciranda da região.

• Dirigiu o CD Canto Caiçara da Ciranda de Ubatuba (patrocinado pela FUNDARTE).

Dados para Contato

Telefone: (24)33718365///(24)99937361
Site: http://luispereque.com.br/
Email: silocultural@hotmail.com

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domingo, 9 de agosto de 2015

GERALDO AZEVEDO - RAIZES E FRUTOS



Em 11 de janeiro de 1945, no coração do sertão pernambucano, nasceu Geraldo Azevedo. Cresceu em família humilde, mas culturalmente abastada, o que garantiu uma infância cheia de boas referências. Seu primeiro violão – um presente do pai, José Amorim, confeccionado manualmente por ele mesmo – foi ganho já aos cinco anos de idade. O início da vida, cunhado em um ambiente simpático à musica e à cultura, acabou determinando o destino daquele que se tornaria um dos grandes embaixadores da Música Popular Brasileira.
 Com os ensinamentos da mãe, D. Nenzinha, e o apoio da família na bagagem, Geraldo ultrapassou a barreira da regionalidade, tornando-se o artista reconhecido que é atualmente. A cada passo de sua carreira na música, lutou para manter a tradição de suas raízes culturais e combateu incessantemente o preconceito contra o povo nordestino.
 Quem ouve Geraldo Azevedo ouve o eco de muitos anos de história. Do grito corajoso das canções feitas nos chamados “anos de chumbo” da ditadura militar às músicas românticas ou dançantes compostas em tempos democráticos, a obra desse petrolinense continua marcando gerações. São mais de 50 anos de parcerias bem-sucedidas, com nomes como Luis Gonzaga, Geraldo Vandré, Alceu Valença, Elba Ramalho e Zé Ramalho. Depois de meio século de trabalho, ainda hoje, sua “Canção da Despedida”, composta com Geraldo Vandré, é entoada como hino de manifestações de protesto. Mesmo mais de três décadas depois de ser criada, a música “Dia Branco” ainda embala o casamento de apaixonados de todo o país.
Após vários anos de uma carreira muito bacana, Geraldo Azevedo gravou esse álbum em 1998, fazendo um resumo da sua obra. É um álbum duplo, todas as músicas são bastante conhecidas, o disco 01 tem as composições mais voltadas para a MPB, com arranjos leves para se ouvir, e o disco 02 reúne os forrózinhos, para se dançar.
Um album maravilhoso!!

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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

AMAURI FALABELLA - VIOLEIRO URBANO (exclusividade terra brasilis )


Natural de São Paulo, ligou se à música desde a infância por influência de seu pai com quem aprendeu os primeiros acordes do violão. Mais tarde teve contato com vários estilos musicais como o de Elomar, Xangai, Vital Farias,Vidal França e Dércio Marques o que muito contribuiu para definir seu próprio estilo e é considerado pela crítica como um “Trovador”.
“Violeiro Urbano”é o segundo CD de Amauri Falabella é calcado na sonoridade e elementos da viola caipira, onde Amauri procura traduzir a paixão que muitos sentem e não se dão conta pela musica caipira . Além de composições próprias o violeiro interpreta também outros compositores que fazem parte da nova geração de violeiros.
Fiel às raízes da música brasileira, prima pela riqueza dos arranjos e pelo traço comum que une todas as músicas: o respeito à natureza e o amor às coisas simples e verdadeiras. A faixa que dá nome ao cd explica seu apego à viola caipira e o próprio titulo, pois Amauri sempre viveu na cidade grande, “mas sente uma coisa esquisita quando pega a viola” porque “sou passarinho sonhador, fiz meu ninho numa estrela, levo no bico pra longe toda a dor”... e utiliza a força desse instrumento popular, lembrando que seu timbre tem conquistado muita gente, mesmo nas grandes cidades. 

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JOÃO ORMOND - QUARITERÊ - (exclusividade terra brasilis)

João Ormond, violeiro mato-grossense, compositor, pesquisador e historiador formado pela Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.  
Atualmente reside aos pés da Serra do Japi,  na cidade de Jundiaí, Estado de São Paulo/SP e divulga pelo Brasil afora as riquezas dos ritmos pantaneiros. João Ormond é considerado pela crítica como um dos novos expoentes da música regional brasileira. 
O antropólogo e poeta mato-grossense Gilton Mendes, disse que “a obra de João Ormond, é uma das mais expressivas revelações da paisagem poético-musical do Mato Grosso-Brasil, revelando uma hibridação de sons e composições que sintetizam o que há de mais fino na chamada música popular brasileira (MPB), arranjada no choro lírico da viola de pinho – não deixando esquecer, assim, aquilo que bem registrou o sociólogo e crítico literário Antonio Cândido: que o lençol caipira brasileiro partiu de São Paulo e se estendeu até as terras mato-grossenses”.
Com um ponteado ímpar e harmônico, ele mostra a mistura da música cabocla com a música popular brasileira, destacando a viola como instrumento polivalente e universal; tocando modas e toadas, chamamés e guarânias, ritmos da fronteira mato-grossense.
 Enfim, “pelos caminhos da música mato-grossense, João Ormond viaja com sua bagagem inspirada e concebida na riqueza dos ritmos e da sonoridade regional. As cordas da sua viola acompanham versos e produz sons que propagam a fecunda paisagem e os sentimentos deste Mato Grosso, um pedaço do Brasil, que merece ser ouvido e apreciado” (Lorenzo Falcão).
Um trabalho refinado que faz uma singela homenagem à Rainha negra do Pantanal, Tereza de Benguela. por tudo que representou na luta pela liberdade dos negros. Os críticos enalteceram este trabalho, por mostrar de forma simples, a beleza poético-cultural e histórica do Pantanal.



01. Cavalo Pantaneiro (Paulo Moura / João Ormond)
02. Caminhos (Batista dos Santos / João Ormond)

03. Dois mais dois é quatro não (Paulo Simões / João Ormond)

04. Quariterê (Batista dos Santos / João Ormond)

05. Coração matuto (Batista dos Santos / João Ormond)

06. Simplesmente canções (Paulo Simões / João Ormond)
07. A saudade é uma sina (Mario & Miguel / João Ormond)

08. Da janela da varanda (Luiz Salgado / João Ormond)

09. Flor de camalote (João Ormond)

10. Viagens (Divino Arbués / João Ormond)

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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

DANDÕ - CIRCUITO DE MUSICA DERCIO MARQUES - (Exclusividade Terra Brasilis)

“Dandô” é uma caravana musical, idealizada pela cantora Kátya Teixeira.
Teve início em setembro de 2013 e é gerido pelos próprios artistas envolvidos e com apoios locais. Tem o intuito de levar boa música e criar uma cartografia musical do Brasil.
O projeto tem, em seu nome, uma homenagem a Dércio Marques (falecido em 2012), que foi um dos cantadores que mais fez pela arte nos “Brasis” que estão fora do eixo da mídia de massa, unindo artistas de toda parte, de várias gerações, estilos, culturas.
O objetivo é promover uma grande circulação contínua de música por todo o país, com artistas de várias regiões criando um intercâmbio e também gerando novas plateias.
Completando pouco mais de um ano de atividade em 2014 o circuito Dandô já realizou mais de 200 espetáculos por todo o país em 27 cidades por 8 estados brasileiros e conquistou recentemente o Prêmio Brasil Criativo de empreendedorismo cultural – Project Hub/ MINC/SEBRAE – como melhor projeto de Música na Categoria Artes e Espetáculos.
Está lançando seu 1º CD Coletânea Dandô – Um Canto em Cada canto do Brasil em parceria com Distribuidora Tratore.
Dércio Marques
Violeiro, cantador, pesquisador, menestrel, Dércio Marques (falecido em 2012) foi um dos artistas que ao lado de sua irmã Doroty Marques mais fizeram pela arte nos “Brasis” que estão fora do eixo da mídia de massa. Com seu jeito peculiar de alinhavar costumes, conversas,
“arreuní gentes”, ele uniu cantadores de toda parte do país, de várias gerações, estilos, em uma confraternização cultural sem igual.

Alguns artistas do Circuito
 Kátya Teixeira_foto Mariá Zabote
Kátya Teixeira – São Paulo/SP
Cantora, compositora, pesquisadora e multi-instrumentista, Kátya Teixeira desenvolve seu trabalho garimpando saberes e sonoridades que incorpora a sua musicalidade, fazendo reverência aos mestres populares e as manifestações culturais autênticas. Indicada ao Prêmio Tim de Música e ao Prêmio da Música Brasileira com 3 de seus 4 CDs. Recebeu o “Troféu Catavento – Solano Ribeiro” da Rádio Cultura SP. É idealizadora e gestora do “Dandô – Circuito de Música Dércio Marques”.
Giancarlo Borba – Terra de Areia/ RS Autodidata, aprendeu violão e começou a acompanhar grupos de bailes de campanha. Buscando aprimoramento profissional, formou-se em música pela Universidade Federal de Pelotas. Como cantor e compositor atuou em diversos projetos participando de programas de rádio e TV. Atua como arte-educador popular e como pesquisador das Culturas Populares. Recebeu indicações no “Prêmio Brasil Sul de Música” e no “Prêmio Açorianos de Música”.
Amauri Falabella – Guarulhos/SP
Com forte influência de variados estilos musicais, Amauri Falabella é considerado pela critica como um Trovador. Venceu o Prêmio Especial do Júri Popular no “Festival da Música Brasileira da Rede Globo”, com sua canção “Brincos”. Como cantor e compositor demonstra sua grande paixão pela viola caipira. Fiel às raízes da música brasileira, prima pela riqueza dos arranjos e pelo traço comum que une todas as canções.

Ana Paula da Silva – Joinville/SC
Considerada por críticos brasileiros e europeus com umas das melhores intérpretes da atualidade, Ana Paula da Silva compartilhou o palco com grandes músicos e realizou inúmeros concertos no Brasil e exterior. Vivendo na Áustria por alguns anos, trabalhou com vários instrumentistas na linha do jazz, participando de CDs que receberam importantes premiações. Seus trabalhos também se dedicam à valorização da cultura brasileira e a novos talentos.
João Arruda – Campinas/SP
Comprometido com a valorização e recriação de temas e canções da cultura popular brasileira, é considerado um dos promissores jovens músicos da linha da viola. É responsável pelo projeto musical ‘Arreuní’, que promove encontros mensais com diversos artistas. Como cantor e multi-instrumentista já excursionou pela América Latina e Europa.
Fernando Guimarães – Caldas/MG
Cantador, compositor e violeiro, Fernando Guimarães traz em sua arte o dom do encantamento, com toda a simplicidade que lhe é peculiar. Com uma discografia que inclui participação e produção de grandes mestres da nossa cultura popular, o músico que vive em comunhão com a natureza, realizando o simples sonho de compor e interpretar suas canções, sem nunca deixar a família e os amigos sem o afago de sua voz.
Nádia Campos – Betim/MG Amante da natureza, Nádia Campos canta desde muito cedo a luta pela sobrevivência do que é puro e essencial. O gosto pelo simples e pelas culturas tradicionais fez com que enveredasse pelos caminhos das raízes brasileiras e latino-americanas. Acompanhou e registrou congadas, marujadas, batuques, cantadores e cantadeiras em Minas Gerais e realizou apresentações no Brasil e em países da América Latina.
Valdir Verona – Caxias do Sul/RS
Músico, professor, produtor e diretor musical, Valdir Verona fez participações em diversos álbuns de música e poesia. Desenvolve trabalho de resgate da viola na música do Sul do país, com recitais, shows, composições, gravações, edições de partituras e oficinas de música. Além de diversas turnês pelo Brasil, realizou apresentações no exterior. Ganhou o “Prêmio Excelência da Viola Caipira de 2010” e recebeu indicações ao “Prêmio Açorianos de Música”.
Marcelo Taynara – Uberaba/MG Cantor, compositor, arranjador e instrumentista autodidata, Marcelo Taynara mostra em suas composições e discografia os elementos de sua descendência negra e indígena, a influência do clube da esquina, do congado. Simples e cuidadosamente elaboradas, suas músicas ressaltando a pureza das intenções, exibem efeitos vocais de pássaros, cachoeiras e outros sons da natureza e de percussão, que se tornou o que se uma marca peculiar do artista.
Victor Batista – Belo Horizonte-MG/Pirenópolis/GO
Cantor, compositor, violeiro, pesquisador da cultura popular e contador de histórias, Victor Batista desenvolveu e participou de vários projetos culturais tanto no Brasil como na América Latina. A cultura popular caipira mineira é base do seu trabalho. Poesias, causos, canções e melodias de uma cultura que não tem limite de imaginação e criatividade.
 1.
Canto dos Ipês Amarelos
Interprete: Dércio Marques
Autor: João Bá

2.
Ciranda Lunar
Interprete: Amauri Falabella

3.
Folia da Peregrinação
Interprete: Nádia Campos

4.
Três Cantos de Moçambique
Interprete: Marcelo Taynara

5.
Canto Negro
Interprete: Ana Paula da Silva

6.
Elegia para um Homem na Luta Pela Terra
Interprete: Giancarlo Borba

7.
Um Diamante
Interprete: Paulo Matricó

8.
Pássaro Preto
Interprete: Fernando Guimarães

9.
Menino Canarinho
Interprete: Walgra Maria
Autor: Walgra Maria

10.
Pontos de Capitão
Interprete: Victor Batista

11.
Mata Escura
Interprete: João Arruda
Autor: João Arruda

12.
Gabriel
Interprete: Rogério Gulin

13.
Com a Viola na Garupa
Interprete: Valdir Verona

14.
Vem comigo
Interprete: Kátya Teixeira
 
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terça-feira, 4 de agosto de 2015

GIANCARLO BORBA - MILONGADOR

Nascido na cidade de Herval, interior do Rio Grande do Sul, passou a maior parte de sua infância no interior do município na localidade conhecida como Vila Basílio onde levava uma vida simples morando numa velha Estação de Trem.
Autodidata, aprendeu violão e começou a acompanhar grupos de bailes de campanha (alguns onde nem luz elétrica existia). Em casa cresceu escutando velhos discos de vinil de Musica Popular Brasileira e Regionais Gaúchas. Em 1996 começou a compor em parceria com Osmar Hences, educador popular com grande conhecimento musical e poético. Começou-se então a construir uma nova proposta musical visando coisas simples da vida do gaucho a pé, que vive à margem da sociedade, do lado de fora das cercas do Latifúndio.
Procurando o aprimoramento musical, em 1999 Giancarlo ingressou no curso de Licenciatura em musica da Universidade Federal de Pelotas onde atuou como monitor bolsista da disciplina “Oficina de Instrumentos” que visava à construção de instrumentos a partir de materiais alternativos. Também atuou no projeto “Arte e Saúde” com doentes mentais e “Oficina de Lutheria” no Curso de construção de violinos. Ainda em 99 formou o grupo “Fuzarca” que junto com Giancarlo construíam seus próprios instrumentos a partir de sucata, e participou de vários projetos, como o 277 da Prefeitura Municipal de Pelotas no Teatro Sete de Abril, show esse que teve bastante êxito resultando na gravação do programa “Palcos da Vida” da TVE-RS no mesmo Teatro Sete de Abril, alem de vários programas de radio e televisão em Pelotas e região.
No decorrer dos anos fez várias apresentações com o grupo e também solo de voz e violão e também participou de vários Festivais. Em 2012 participou do show e gravação do DVD “Tributo a Basilo”, homenagem a Basílio Conceição gravado em Arroio Grande RS.
Atualmente, atua como arteducador popular como integrante da ABRA- Rede Brasileira de Arteducadores e vem ministrando vários cursos de criatividade e transformação através das artes e oficinas de Eco-instrumentos (instrumentos feitos com sucata) com Professores e crianças.
Também atua como pesquisador das Culturas Populares e recentemente lançou o cd “Milongador” que tem no repertorio ritmos regionais do Sul, que recebem uma roupagem moderna com arranjos de referencias na musica erudita, no Folclore Gaúcho, Uruguaio, Argentino e Música Popular Brasileira, mesclados com sons de vários objetos e instrumentos alternativos feitos com diversos materiais.
Giancarlo vem se apresentando em várias cidades e participando de programas de Rádio e TV,  em 2013 com o CD Milongador recebeu 3 (três) indicações na categoria MPB ao I Prêmio Brasil Sul de Música  que aconteceu em Pelotas-RS no Teatro Guarany e 2014 foi indicado como Artista Revelação no Prêmio Açorianos de Música.

 Milongador é o primeiro CD de Giancarlo Borba. Gravado entre maio de 2012 e fevereiro de 2013 com arranjos e produção do próprio Giancarlo. O trabalho é o resultado de vários anos de pesquisa da cultura popular gaúcha e fala das coisas simples do dia a dia dos que vivem do lado de fora das cercas do latifúndio. No trabalho são explorados além de ritmos regionais, diversas sonoridades retiradas de materiais e instrumentos alternativos, que passam pelo tradicional violão até um antigo penico de louça. Tudo isso sem perder a poesia e delicadeza.

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ALCEU VALENÇA E ORQUESTRA OURO PRETO - VALENCIANAS

Uma das grandes lendas vivas da música brasileira, Alceu Valença lançou  o DVD Valencianas. Gravado ao vivo, no Palácio das Artes em Belo Horizonte, o registro traz alguns de seus maiores sucessos, com arranjos orquestrais. Nele, Alceu está acompanhado de seu violão, sua voz inconfundível e da Orquestra Ouro Preto, regida pelo maestro Rodrigo Toffolo. A produção é de Paulo Rogério Lage. O DVD foi concebido tendo como referência a biografia musical de Alceu. O concerto explora as particularidades sonoras e conceituais que tornaram a obra do cantor um marco na história da música popular brasileira. Assim, guitarra, violão, baixo elétrico, bateria e percussão dialogam com instrumentos típicos da sonoridade nordestina como sanfona, zabumba, tampa de panela, rabeca e marimbau que, por sua vez, se unem a uma orquestra de cordas.


1- Abertura Valencianas
2- Sino de ouro
3- Ladeiras
4- Cavalo de pau
5- Coração bobo
6- Talismã
7- Estação da Luz
8- Porto da saudade
9- Acende a luz
10- Junho
11- Sete desejos
12- La belle de jour/Girassol
13- Tropicana
14- Anunciação

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SOCORRO LIRA - AMAZÔNIA ENTRE ÁGUAS E DESERTOS - (EXCLUSIVIDADE TERRA BRASILIS)





Nasci no ano de 1974, no sítio Silva, zona rural de Brejo do Cruz, Paraíba, Nordeste Brasileiro. Fui batizada Maria do Socorro Pereira e mais tarde fui chamada de Socorro Lira, por causa de meu pai, Zé Lira. Minha mãe se chama Benedita, e foi quem [me] formou a pessoa que sou hoje. Ela trabalhava muito e cantava enquanto trabalhava; sua cantiga preferida era o aboio, o canto dos vaqueiros.

Cresci ali e além de Mãe que cantava e contava histórias lindas, eu ouvia cantoria de viola (repente) pelo rádio, ia aos forrós na casa de Dona Zefa, tocava lata acompanhando meu tio Antônio Gavião, um exímio tocador de Berimbau de Lata.
Quando comecei a frequentar a escola me interessei bastante pela leitura e a literatura de cordel me foi um grande achado. Tomei gosto pela poesia. Eu queria ser escritora, mas brincava muito e não tinha tempo para a escrita. Hoje trabalho demais e ainda não tive tempo de escrever, a contento, os livros que desejo publicar. Exceto um único que fiz, de poemas.

Com quatorze anos e meio saí da roça e fui morar na cidade, Brejo do Cruz. Então, tive contato com um mundo já tão grande para a medida que eu tinha...que me assustei, de começo. Mas logo tratei de me acostumar com a novidade, com certas “modernidades” que por ali chegavam aclamadas como maravilhas do Sul e do Sudeste do Brasil. Uma delas, a TV, me fascinou muito. Via os cantores e as cantoras nos programas de domingo, achava aquilo uma maravilha.

Nesse momento me envolvo com o movimento juvenil da igreja católica, espaço onde aprendi muito sobre mim e sobre a vida; sobre nossa realidade social, sobre o Nordeste dentro do Brasil. Compreendi que muita coisa precisava mudar. Levantei bandeira do partido político que me encantava e que prometia resolver os graves problemas sociais do povo brasileiro. Engajei-me em movimentos populares. No colégio, fui dirigente de grêmio estudantil. Virei professora e lutei no sindicato. Esse foi, certamente, o momento mais fecundo da minha vida em termos de aprendizado. Refletir sobre o meu país e a América Latina, sobre os problemas ambientais que ameaçam o planeta me fez mais alerta. Compreendi algumas coisas que definiriam meu caminho mais à frente.

Um pouco depois, em 1995, fui morar numa vila rural de Alagoa Grande onde trabalhei na organização de grupos, principalmente mulheres, com vistas à ocupação de terras naquela região do Brejo Paraibano. Ao mesmo tempo entrei na Universidade Estadual da Paraíba, em Campina Grande, vindo a me formar no ano 2000 em Psicologia Social. Ainda nesse momento, comecei a estudar violão no Departamento de Artes da Universidade Federal da Paraíba, na mesma cidade.

Em Campina Grande tive contato com cinema, museus, teatro, música. Conheci pessoas muito generosas que me ajudaram a traçar os primeiros passos na música. Então, um pouco afastada do Sertão, pude voltar o olhar para minha terra e perceber como ela tem valores, como é rica! Se um dia a moeda for caráter e decência - em vez de dinheiro - a gente dali nunca mais será pobre.

Fui atrás desses poetas, dessas cantadeiras, das dançadeiras, dos tocadores, das cirandeiras e coquistas de Caiana dos Crioulos. À medida que me voltava para o meu lugar, mais longe eu via... Muito além dos limites da Paraíba; e vi o Brasil e comecei a enxergar o mundo, agora relativamente pequeno imerso no processo de globalização.

Dentro disso que eu via, ouvia e vivia nos grupos tradicionais, na comunidade, com colegas, amigos e amigas compus cada vez mais canções e vieram os CDs. E veio São Paulo e assim por diante. E junto, a responsabilidade para com essa história que não é somente minha e, sim, coletiva. De modo que minha canção não deverá jamais se afastar dessa motivação inicial que é um certo apaixonamento pela vida e seus motivos. A justiça, a liberdade, o serviço, a compaixão, a paixão, o afeto, o amor irrestrito... Para mim essas forças são tão necessárias quanto oxigênio, água e pão. Eternas buscas.

Gostaria que minha estada na Terra fosse útil, especialmente para minha gente do Sertão da Paraíba, do Nordeste e do Brasil, claro. Carrego no coração muitas inquietações. No desejo, também muitos projetos; e coragem, bastante coragem de trabalhar para realizá-los. Confiar nas próprias asas é o que torna possível o vôo do pássaro.

A maturidade nos traz a tranquilidade de quem planta hoje para colher quando bem frutificar. Acreditar no pulso firme do tempo e da natureza é uma lição que só se aprende vivendo.(SOCORRO LIRA)

 Décimo álbum da carreira de Socorro Lira. Um trabalho ambientado na Amazônia física, mas também como ambiente metafórico. São quatorze canções. Delas, seis autorais e oito de outros autores e autoras como Vital Farias, Cátia de França, Oliveira de Panelas, Nilson Chaves e Waldemar Henrique. Os arranjos são do maestro Jorge Ribbas e a arte da capa, de Elifas Andreato.

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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

CLAUDIO LACERDA - ALMA LAVADA

O disco de estréia inclui composições de autoria de Cláudio Lacerda e de autores consagrados como Almir Sater, Renato Teixeira e Paulo Simões. O repertório mistura ritmos regionais e influências que vão desde os próprios Renato Teixeira e Almir Sater, aos mineiros do Clube da Esquina, ao rock rural de Sá e Guarabira, e indo mais longe, à música caipira de João Pacífico, Elpídio dos Santos, Serrinha, entre outros. "Alma Lavada" conta com as participações especiais de Renato Teixeira, e da cantora Miriam Mirah, fundadora do grupo Tarancón. Na contra-capa, uma recomendação de peso: "Violeiros e cantadores desse povo brasileiro abram a roda, sobra espaço para um novo companheiro", Paulo Simões.

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CLAUDIO LACERDA - CANTADOR

A sabedoria da simplicidade
Para melhor apreciar o cantar e o tocar do paulistano Cláudio Lacerda, deve-se deixar o tempo de lado. Ao menos por alguns minutos, deve-se evitar que o relógio determine o passar das horas. Deve-se fazer do presente um aliado e com ele combinar um pacto: eu desacelero e você permite.
Cantador é o terceiro disco de Cláudio Lacerda. Independente, o álbum revela um modo de ser musical desconhecido, ou pouco familiar, dos urbanos. Para imaginar o universo interiorano descrito pela cantoria e pela letra de Cláudio Lacerda, revisitado em belas e ternas toadas tocadas por músicos da mais alta qualidade, deve-se ao menos buscar saber do cheiro do mato, do gosto do café recém-coado, do brilho vivaz da Via Láctea e do luar que faz sombra no chão da terra orvalhada.
E para falar de coisas claras, Cláudio tem no matulão a voz e o saber da simplicidade. Seus versos privilegiam a estrada, o caminhar... "(...) Por campo, serra, chuva e cheiro do mato/ Me abandono pelo estradão (...)", versos de Veneno Viola, parceria com Ighor Aguila; "(...) Eu vou em frente, pela estrada dessa paixão/ E simplesmente quero sua decisão (...)", versos de Decisão (com Julio Bellodi); "(...) Vou seguindo pela estrada, feito pneu de caminhão/ Cada reta um destino, cada curva uma ilusão (...)", versos de Estradeiro (com Zé Paulo Medeiros). Ou ainda "(...) Cada passo nessa estrada, eu sigo sem saber/ Deus mostra o caminho, mas quem caminha é você (...)", versos de Caminhador (com Zé Paulo Medeiros); e por fim, "(...) Saí do sertão bem menino, vagando, sem ter pr'onde ir/ Na estrada, na fome o destino, mais uma porteira pra abrir (...)", versos de Sina de Cantador (de Julio Bellodi).
São versos simples, cheios de força, plenamente identificáveis e reconhecíveis por quem já sentiu o ar que se respira numa trilha de chão batido ou por quem já viu o mapa do próprio destino traçado na poeira que levantava atrás de si.
Cantador de toadas, Cláudio Lacerda engrandece a voz ao dizer o que lhe toca a alma. Os arranjos de Sergio Turcão, nos quais não faltam viola, sanfona, gaita e violões com cordas de aço, são tudo o que o cantador precisa para entoar sua vida. Com voz suave, afinada, sem afetações, o cantor colore o seu mundo usando tintas vivas, banhadas em sol e em lua, em poeira e em estradas.
A participação de Dominguinhos em Canto Brasileiro (Eduardo Santana e Cláudio Lacerda) é aval em   forma de generosa contribuição por meio da sua voz e da sua sanfona, encontráveis apenas em... Dominguinhos.
Cantador é CD para ser ouvido com a alma plácida. Preferencialmente num final de tarde em que o sol convida a lua para sentar ao pé da fogueira. E assim a noite, não querendo inibir nem esfriar a prosa, retém nas mãos seu manto escuro e impede que se dilua o tom alaranjado que agora alumia a porteira lá no alto da estrada, aquela que se desfaz numa curva no final do caminhar.
Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

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