terça-feira, 4 de outubro de 2016

OS AZEREDOS +OS BENEVIDES 50 ANOS DEPOIS DO GOLPE DE 64


A peça iria inaugurar o teatro da UNE, no ano da graça de 1964. A trilha musical estava sendo composta por Edu Lobo, que já havia feito “Chegança”, especialmente para o espetáculo. O paulista Nelson Xavier, que desde 1962 participava em Recife das atividades do Movimento de Cultura Popular (MCP), já estava no Rio para assumir a direção da peça. O teatro estava tinindo. A expectativa era de uma grande estreia. O golpe que depôs o presidente João Goulart, ocorrido há 50 anos, impediu que isso acontecesse. O prédio da UNE, e consequentemente o teatro, foi incendiado na madrugada do dia 1º. de abril. Depois veio a censura. “Os Azeredo…” ainda chegou a obter premiação, em 1966, pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT), órgão do então Ministério da Educação e Cultura, e publicação em 1968. Mas montá-la, nem pensar. A peça foi para o limbo e após o fim da censura, inexplicavelmente, permaneceu inédita. Há quem considere o texto excessivamente radical. Não vamos dizer que não seja radical, pois seu foco é a luta de classes, mas também é brilhante e transpira verdade por todos os poros. Outros avaliam que a montagem é complexa e a história datada, mas se isso fosse certo que razão haveria para encenar Shakespeare nos dias de hoje? Por uma razão ou por outra, o fato é que fora do circuito das escolas de teatro, a peça permanece inédita, 50 anos depois. (2014)
Instituto Pinheiro

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