O grupo baiano Viola de Arame composto pelos músicos Júlio Caldas, Cássio Nobre e Ricardo Hardmann são homens em
uma missão: mostrar que a viola (e os múltiplos ritmos que se pode tocar
com ela) é tão ou mais representativo da cultura brasileira quanto o
samba.
Antes que
indignados se levantem, é bom reiterar: a teoria tem fundamento. “A
viola é um instrumento português, que chegou ao Brasil ainda na época da
colonização. Entrou no Brasil inteiro, inclusive na Bahia”, explica
Júlio.
“Cada região do País tem uma forma própria de tocar e
pensar a viola. Tem viola em todo canto do Brasil. Por exemplo: no Sul,
você tem a viola de fandango. no Nordeste tem uma bem típica do agreste,
bem dinâmica, que é a dos repentistas. No Sudeste e no Centro-Oeste tem
a viola caipira. A região amazônica não tem tanta tradição, mas também
tem sua viola”, enumera.
Ele conta que, “só na Bahia, tem uns
quatro formatos de viola. Ela é ligada à chula do Recôncavo, aos
repentistas da região de Serrinha e Feira de Santana e às folias de
reis”, nota.
O quarto formato da viola na Bahia é o que ele chama
de “estética elomariana”, ligada à música de Elomar. “Ele toca violão,
mas com uma estética de viola. A forma que ele toca violão é muito
parecida com a da viola, e isso influencia até na forma como ele
compõe”, diz.
Fruto de pesquisas
Por
tudo isso, Júlio, Cássio (que é etnomusicólogo) e Ricardo sustentam a
teoria do início deste texto. “Da forma como eu vejo, (a viola) é o
instrumento que melhor representa a cultura brasileira, pois está
presente em todo Brasil”, aposta Júlio.
A banda e o disco Viola
de Arame vem justamente “da necessidade de pesquisa mesmo, tanto das
tradições, quanto das inovações, além das músicas que vimos compondo há
anos”, prossegue o músico, que iniciou o projeto em 2008.
“Naquele
ano eu convidei Cássio para fazermos esse som em formato de duo. Depois
evoluiu para trio, com a chegada do Hardmann na percussão, o que deu
uma sonoridade muito rica. Hoje já incrementamos ainda mais com o baixo,
e já fizemos algumas apresentações com essa formação”, conta.
Barroca e roqueira
Com
13 faixas originais, compostas por Júlio e Cássio, o álbum Viola de
Arame é, sem dúvida, um dos melhores lançamentos da boa música baiana em
2011. Há até mesmo um quê medieval no som: “Alguns temas do disco tem
uma estética renascentista e barroca”, observa Júlio.
De fato, a
sonoridade rica, melodiosa e limpa do trio (e diversos convidados) é um
bálsamo para os ouvidos de uma cidade violentada pela gritaria
popularesca emitida dos porta-malas dos carros.
E não se trata de
música antiga, para velho ou intelectual. “Nosso disco traz as
influências da música que a gente gosta: do rock, do progressivo, do
jazz, sempre com uma certa mistura com a tradição da viola”, diz.
Não
a toa, o Viola de Arame inicia o show mandando ver uma inusitada (e
linda) versão de um clássico do rock: Moby Dick, do Led Zeppelin. “Viola
e blues tem tudo a ver, né”?.
Vai daí que o trio está estudando
uma forma de trazer a Bahia, para um show em conjunto, o duo mineiro
Viola Extrema, formado pelos músicos Ricardo Vignini e Zé Helder, que
lançou um álbum só com standards de rock executados na
viola: Moda de Rock (Tratore).
“O Vignini é meu amigo, e temos a
intenção de fazer alguma coisa juntos, já que há um diálogo entre nossos
trabalhos. Tínhamos até a intenção de fazer isso, um show só com
clássicos do rock, mas eles se anteciparam”, admite.
texto extraido do blog http://rockloco.blogspot.com.br
Se vc gostar adquiri o original, valorize a obra do artista.
*Não irei postar com senha devido a dificuldades de alguns para descompactar os arquivos.
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TERRA BRASILIS
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