segunda-feira, 17 de outubro de 2016

GRUPO VIOLA DE ARAME

O grupo baiano Viola de Arame composto pelos  músicos Júlio Caldas, Cássio Nobre e Ricardo Hardmann são homens em uma missão: mostrar que a viola (e os múltiplos ritmos que se pode tocar com ela) é tão ou mais representativo da cultura brasileira quanto o samba.

Antes que indignados se levantem, é bom reiterar: a teoria tem fundamento. “A viola é um instrumento português, que chegou ao Brasil ainda na época da colonização. Entrou no Brasil inteiro, inclusive na Bahia”, explica Júlio.

“Cada região do País tem uma forma própria de tocar e pensar a viola. Tem viola em todo canto do Brasil. Por exemplo: no Sul, você tem a viola de fandango. no Nordeste tem uma bem típica do agreste, bem dinâmica, que é a dos repentistas. No Sudeste e no Centro-Oeste tem a viola caipira. A região amazônica não tem tanta tradição, mas também tem sua viola”, enumera.

Ele conta que, “só na Bahia, tem uns quatro formatos de viola. Ela é ligada à chula do Recôncavo, aos repentistas da região de Serrinha e Feira de Santana e às folias de reis”, nota.

O quarto formato da viola na Bahia é o que ele chama de “estética elomariana”, ligada à música de Elomar. “Ele toca violão, mas com uma estética de viola. A forma que ele toca violão é muito parecida com a da viola, e isso influencia até na forma como ele compõe”, diz.

Fruto de pesquisas

Por tudo isso, Júlio, Cássio (que é etnomusicólogo) e Ricardo sustentam a teoria do início deste texto. “Da forma como eu vejo, (a viola) é o instrumento que melhor representa a cultura brasileira, pois está presente em todo Brasil”, aposta Júlio.

A banda e o disco Viola de Arame vem justamente “da necessidade de pesquisa mesmo, tanto das tradições, quanto das inovações, além das músicas que vimos compondo há anos”, prossegue o músico, que iniciou o projeto em 2008.

“Naquele ano eu convidei Cássio para fazermos esse som em formato de duo. Depois evoluiu para trio, com a chegada do Hardmann na percussão, o que deu uma sonoridade muito rica. Hoje já incrementamos ainda mais com o baixo, e já fizemos algumas apresentações com essa formação”, conta.

Barroca e roqueira

Com 13 faixas originais, compostas por Júlio e Cássio, o álbum Viola de Arame é, sem dúvida, um dos melhores lançamentos da boa música baiana em 2011. Há até mesmo um quê medieval no som: “Alguns temas do disco tem uma estética renascentista e barroca”, observa Júlio.

De fato, a sonoridade rica, melodiosa e limpa do trio (e diversos convidados) é um bálsamo para os ouvidos de uma cidade violentada pela gritaria popularesca emitida dos porta-malas dos carros.

E não se trata de música antiga, para velho ou intelectual. “Nosso disco traz as influências da música que a gente gosta: do rock, do progressivo, do jazz, sempre com uma certa mistura com a tradição da viola”, diz.

Não a toa, o Viola de Arame inicia o show mandando ver uma inusitada (e linda) versão de um clássico do rock: Moby Dick, do Led Zeppelin. “Viola e blues tem tudo a ver, né”?.

Vai daí que o trio está estudando uma forma de trazer a Bahia, para um show em conjunto, o duo mineiro Viola Extrema, formado pelos músicos Ricardo Vignini e Zé Helder, que lançou um álbum só com standards de rock executados na viola: Moda de Rock (Tratore).

“O Vignini é meu amigo, e temos a intenção de fazer alguma coisa juntos, já que há um diálogo entre nossos trabalhos. Tínhamos até a intenção de fazer isso, um show só com clássicos do rock, mas eles se anteciparam”, admite.
texto extraido do blog  http://rockloco.blogspot.com.br

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*Não irei postar com senha devido a dificuldades de alguns para descompactar os arquivos.
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TERRA BRASILIS

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