Sobre Aldy Carvalho
"Aldy Carvalho está além do cantor e do compositor, situa-se sobre o Rio São Francisco como um penedo suspenso contando cada gota d'água, decifrando sua escrita, catalogando suas histórias. Um pouco dessa água vem carregada em um pequeno cantil, dentro do seu Alforje. Um pequeno cantil, sim, pois o que ainda está por se revelar formará cacimbões profundos na face tão desgastada da música e da poesia brasileiras. Dialogando com a cor da terra, veremos a cor do céu, com seus sóis policromatizados. A barba longa esvoaçando sobre o tempo, a roupa larga cobrindo quilômetros: é Aldy, muito jovem, acariciando a viola, fazendo-a metamorfosear-se em Iara."
Aldy Carvalho por K. Lorca
Aldy Carvalho? Mas quem é Aldy
Carvalho?! Este homem que veio “láaaa do sertão” é poeta, contista,
cronista, compositor e ainda tem Sina de Cantador. Com seu violão,
torna-se um trovador contemporâneo, consegue mesclar, em suas canções,
lirismo e também sarcasmo quanto às confusões provocadas pelo homem.
Compositor peculiar, suas obras descrevem as constantes transformações
de um povo recuado pela distância que os separam das grandes cidades.
Canta a realidade cabocla, sertaneja.
Aldy
Carvalho é construtor de martelos agalopados, com suas ferramentas
artísticas e rimas metrificadas, distribuídas no que chamam Décimas.
Não
o vejo apenas como cantador, o vejo como narrador de situações
originárias de regiões quase (ou totalmente) esquecidas pela
globalização, logo pela tecnologia; regiões de um povo desprovido de
luxo, mas ricos de cultura e sabedoria populares.
A
sina de Aldy Carvalho é cantar as proezas dos sertanejos; dos amores;
dos trens do sertão (“Lá vai o trem...”) que separam corações unidos
pela saudade, mas que, na volta, trazem a descoberta de mundos, coisas
novas, solidão e sofrimento.
Aldy
Carvalho, ourives que trabalha suas peças com décimas do martelo
agalopado, ele usa mitos e lendas para confabular o imaginário através
da cultura regional, quase esmagada pelo estrangeirismo global das
capitais de nosso país-continente. O trovador que entoa contos e
crônicas que revelam fatos deveras relevantes à sociedade. O seu
regionalismo é espontâneo e perspicaz, sua poesia-matemática mostra o
conhecimento encontrado no poeta universal. Ele é um artista de
multifaces, com um vasto saber, ressoa assuntos polêmicos e situações
(causos) divertidos e reconhece muito bem o valor da amizade e as
desventuras da vida.
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TERRA BRASILIS
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