"O último azul das ilhas vai te fazer chorar mas o que importa se o que te fez mal já ficou pra trás.
E só precisas mesmo jogar, tuas lembranças do futuro ao mar."
Guttemberg Nery Guarabyra Filho, ou simplesmente Guarabyra, ou
mais simplesmente ainda, Gut, tem coisas a dizer. E as diz cantando,
poetando.
Feito pássaro que não mente, ele voa, roda o mundo, aprendendo a reconhecer as próprias pegadas. Inutilmente o amor quis voltar; encontrou-o descrente. Frente a frente com as pontes, atravessou-as. Fez perguntas, "você se lembra?", e as respondeu: "Nós nos amaremos". E seguiu a vida. Colocou as peças no tabuleiro e teve a sorte a seu lado; mas também a teve contra. Sorte que lhe mostrou um paraíso sorridente. À solidão ele afirma que é preciso amar muito mais. E ama desde as primeiras horas das manhãs bonitas do sertão até o lusco-fusco que anuncia a noite e suas gotas de orvalho. Feito o velho caboclo, aquele que nada lhe tira o sossego, repete velhas e boas histórias aquecidas em fogo caipira. E olha o horizonte. E vê o futuro. E lembra-se dele como se fosse hoje.
Gut tem o que dizer, por isso lançou seu segundo álbum solo, Guarabyra Lembranças do Futuro (gravadora Velas). O CD tem 13 músicas, todas com letras suas. Duas são com Renato Correa, "Velhas Histórias" e "É Preciso Amar Muito Mais"; uma é com Luiz Schiavon e Vitor Martins, "Manhãs Bonitas do Sertão"; duas são só dele, "Nós Nos Amaremos" e "Inutilmente"; e oito são parcerias com Luis Carlos Sá, seu companheiro de dupla há muitos anos, e, juntos, formaram com Zé Rodrix o trio Sá, Rodrix & Guarabyra.
Abro um parêntese: contou-me o Gut a história da formação do trio. Sá e Zé queriam mesmo era formar uma dupla. Porém, sem lugar para ensaiar, bateram à porta de Guarabyra, que morava com dois amigos jornalistas esportivos (José Trajano e Toninho Neves) num amplo apartamento. Como nenhum dos três moradores se importou em ceder espaço para os ensaios, a futura dupla deu início aos trabalhos. Só não contavam com a intromissão de Gut, que dava palpites nos arranjos e recomendava uma ou outra vocalização. Bem impressionados com os pitacos recebidos, restou a Sá e Zé Rodrix convidarem o bicão para formar um trio. Parêntese fechado.
Em Guarabyra Lembranças do Futuro, as letras são plenas de referências pessoais de Gut. Nelas, percebe-se o que pensa e sente seu autor. Existenciais, elas remexem no arquivo do passado e do presente de Gut e o eleva ao futuro. Coração aberto, o canto sai pelas frestas da memória e ganha ares de verdade libertada a fórceps. Trabalho mais autoral, impossível.
O cuidado com a produção e com os arranjos, a cargo do violonista e guitarrista Webster Santos, permite a Gut deslizar sua voz, tornando-a cúmplice do que tem a dizer seu dono. A mixagem do CD é ótima! Nela se percebe cada nuance pretendida em cada frase dos arranjos. Nela, o som tirado do piano acústico tocado por Yaniel Mattos se fez delicado, assim como delicioso ficou o coro feito pelo contrabaixista Pedro Baldanza e mais Dorca Alves e Jorge Cavalcanti; por ela, a percussão de Tostão Cunha ganhou ares de parceira na música, e a bateria de Ângelo Kanaan resultou harmoniosa com a melodia. Graças à mixagem bem-feita, a voz de Gut desempenha seu papel: mostrar cada sílaba que compõe o universo guarabyriano.
As letras de Gut passeiam por versos ora depressivos, feitos os de "Inutilmente" (Quando o amor quiser voltar para mim/ Encontrará um coração descrente/ Que amou querendo ser feliz/ E acabou amando inutilmente); ora esperançosos como os de "Nós Nos Amaremos" (Quando o sol caminhar mais crescente/ Quando as sombras no chão de setembro/ Na primeira manhã quente e clara/ Se alongarem brincando com o vento/ De mãos dadas com o sentimento/ Nós/ Nós enxergaremos tão claro/ a luz do momento raro,/ Que nos amaremos/ Nós nos amaremos...). Lindos!
Gut tem o que dizer. Abre o coração e revela o que lhe vai ao peito. Entoa canções. Dá som às palavras. Solta o verbo. Solta a voz. Solta as amarras e perambula por espaços futuros que se abrem à sua passagem.
Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
Se vc gostou adquiri o original, valorize a obra do artista.
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Feito pássaro que não mente, ele voa, roda o mundo, aprendendo a reconhecer as próprias pegadas. Inutilmente o amor quis voltar; encontrou-o descrente. Frente a frente com as pontes, atravessou-as. Fez perguntas, "você se lembra?", e as respondeu: "Nós nos amaremos". E seguiu a vida. Colocou as peças no tabuleiro e teve a sorte a seu lado; mas também a teve contra. Sorte que lhe mostrou um paraíso sorridente. À solidão ele afirma que é preciso amar muito mais. E ama desde as primeiras horas das manhãs bonitas do sertão até o lusco-fusco que anuncia a noite e suas gotas de orvalho. Feito o velho caboclo, aquele que nada lhe tira o sossego, repete velhas e boas histórias aquecidas em fogo caipira. E olha o horizonte. E vê o futuro. E lembra-se dele como se fosse hoje.
Gut tem o que dizer, por isso lançou seu segundo álbum solo, Guarabyra Lembranças do Futuro (gravadora Velas). O CD tem 13 músicas, todas com letras suas. Duas são com Renato Correa, "Velhas Histórias" e "É Preciso Amar Muito Mais"; uma é com Luiz Schiavon e Vitor Martins, "Manhãs Bonitas do Sertão"; duas são só dele, "Nós Nos Amaremos" e "Inutilmente"; e oito são parcerias com Luis Carlos Sá, seu companheiro de dupla há muitos anos, e, juntos, formaram com Zé Rodrix o trio Sá, Rodrix & Guarabyra.
Abro um parêntese: contou-me o Gut a história da formação do trio. Sá e Zé queriam mesmo era formar uma dupla. Porém, sem lugar para ensaiar, bateram à porta de Guarabyra, que morava com dois amigos jornalistas esportivos (José Trajano e Toninho Neves) num amplo apartamento. Como nenhum dos três moradores se importou em ceder espaço para os ensaios, a futura dupla deu início aos trabalhos. Só não contavam com a intromissão de Gut, que dava palpites nos arranjos e recomendava uma ou outra vocalização. Bem impressionados com os pitacos recebidos, restou a Sá e Zé Rodrix convidarem o bicão para formar um trio. Parêntese fechado.
Em Guarabyra Lembranças do Futuro, as letras são plenas de referências pessoais de Gut. Nelas, percebe-se o que pensa e sente seu autor. Existenciais, elas remexem no arquivo do passado e do presente de Gut e o eleva ao futuro. Coração aberto, o canto sai pelas frestas da memória e ganha ares de verdade libertada a fórceps. Trabalho mais autoral, impossível.
O cuidado com a produção e com os arranjos, a cargo do violonista e guitarrista Webster Santos, permite a Gut deslizar sua voz, tornando-a cúmplice do que tem a dizer seu dono. A mixagem do CD é ótima! Nela se percebe cada nuance pretendida em cada frase dos arranjos. Nela, o som tirado do piano acústico tocado por Yaniel Mattos se fez delicado, assim como delicioso ficou o coro feito pelo contrabaixista Pedro Baldanza e mais Dorca Alves e Jorge Cavalcanti; por ela, a percussão de Tostão Cunha ganhou ares de parceira na música, e a bateria de Ângelo Kanaan resultou harmoniosa com a melodia. Graças à mixagem bem-feita, a voz de Gut desempenha seu papel: mostrar cada sílaba que compõe o universo guarabyriano.
As letras de Gut passeiam por versos ora depressivos, feitos os de "Inutilmente" (Quando o amor quiser voltar para mim/ Encontrará um coração descrente/ Que amou querendo ser feliz/ E acabou amando inutilmente); ora esperançosos como os de "Nós Nos Amaremos" (Quando o sol caminhar mais crescente/ Quando as sombras no chão de setembro/ Na primeira manhã quente e clara/ Se alongarem brincando com o vento/ De mãos dadas com o sentimento/ Nós/ Nós enxergaremos tão claro/ a luz do momento raro,/ Que nos amaremos/ Nós nos amaremos...). Lindos!
Gut tem o que dizer. Abre o coração e revela o que lhe vai ao peito. Entoa canções. Dá som às palavras. Solta o verbo. Solta a voz. Solta as amarras e perambula por espaços futuros que se abrem à sua passagem.
Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
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