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Márcio de Camillo, cantor, compositor e instrumentista que exulta sua terra com maestria, e ainda é um grande agitador cultural, nascido e criado no Mato Grosso do Sul, cenário que compôs a base inicial do seu estilo musical...
Me chamam Paulinho Dias, assim, no diminutivo. Talvez pela proximidade quase que sagrada com cada um que acrescenta em minha história. Na Vila das Tabuinhas em Boa Esperança, norte do Paraná, pelas mão de uma parteira em uma casa humilde foi onde as primeiras melodias em prantos me saltaram a boca. Fui moldado menino nas mãos do sr. Valter, e tive a essência bordada pelo amor materno de dona Neusa. Nessas traquinagens curiosas da vida, logo de estreia aos 11 meses, fui acometido pela paralisia infantil, treze dias após meus primeiros passos. Não por negligência, ou por falta de condições. Mesmo cercado de cuidados, o destino fez a danada me encontrar, mas de jeito nenhum parou o meu caminhar. Descobri o que era inclusão mais tarde, em casa não havia diferença no trato de meus pais entre mim e meus irmãos. Minha mãe dizia:
-
"Descobriremos juntos nossas limitações." Com oito anos as muletas
foram o apoio necessário para que eu pudesse traquinar com mais
propriedade. Refúgio no alto da árvore, Jogo de bola, vidraça quebrada,
bolinha de gude, perna engessada... Memórias de menino passarinho, que
aprendeu com a vida seus limites, nunca por imposição, mas sim por
descobertas. Somente anos depois, foi que descobri as angustias de minha
mãe, do preconceito às restrições que o mundo poderia me impelir. Mas
ai já era tarde. Ela me fez acreditar que eu era capaz. E eu acreditei. A
vida simples e os recursos escassos da época desenvolveram a minha
criatividade, que me levou a uma série de conquistas, até então,
improváveis. Desde cedo, entendi o verdadeiro sentido da troca e da
soma. Minha moeda de maior valor, as relações humanas. Uma pintura em
uma camiseta para a professora de história, rendeu minhas primeiras
aulas de violão com sua irmã, que ainda me conseguiu uma bolsa de
estudos para cursar música. O ciclo de pessoas que acreditavam em mim só
crescia, e nessa fé, fui calçando meu caminho. A música e o artesanato,
ofícios que aprendi em paralelo com grandes amigos, me levaram à
estrada, e nela, inúmeras influências de estilos musicais que vai das
canções Andinas ao Rock n Roll, agregaram a minha formação artística.
Assim, a lição que hoje norteia minha vida. Dividir experiências e somar
culturas. Essa é a graduação na qual espero nunca me formar. Seguir
aprendendo, cada dia mais é o que quero. Artistas notáveis, que
encontrei na caminhada, foram pra mim grande escola. E a dona vida,
levou-me por meio destes ao teatro musical. Fase de intenso conhecimento
e aprendizado artístico. No final do primeiro milênio descobri a magia
do teatro com a "CIA DE TEATRO FOZ", em Foz do Iguaçu (PR) e logo na
abertura do segundo milênio parti pra Florianópolis (SC) ao lado de dois
amigos que conheci na estrada, para uma audição do musical "Lendas da
Ilha" com o cantor e compositor Oswaldo Montenegro, e uma nova etapa da
minha vida começava. Foram ensinamentos que me fizeram crescer anos em
poucos meses. E o registro dessa participação está em duas canções que
interpreto no CD com a trilha do musical. Pouco tempo depois, em quando
participava de outro musical em Joinville (SC), fui abençoado ao
encontrar minha "Segunda asa" Priscila Castellar, uma linda atriz e
talentosíssima cantora de voz encantadora, hoje minha esposa e parceira
da vida.
Agora, o que seria capaz de me impedir o vôo? Nesta
mesma época, Oswaldo Montenegro, nos trouxe para São Paulo, e há mais
dez anos, sou convidado à atuar nos musicais e projetos sociais da
"Oficina dos Menestréis", e em paralelos como a participação no filme
"Belline e o demônio" (dirigido por Marcelo Galvão), faço parte da "Cia
Mulungo" (Companhia criada por Oswaldo Montenegro com artistas de todo o
Brasil para compor o musical Filhos do Brasil), e logo depois no filme
"Solidões" roteirizado e dirigido por Montenegro. Em 2011 surgiu a
necessidade de assumir e estabelecer meu trabalho musical autoral. Foi
quando nasceu o show "Trilhas de um cantador" e junto com ele o primeiro
CD, "Ideias de amanhecer". Um divisor de águas em minha carreira!
Durante muito tempo, tive receio de mostrar minhas composições, acredito
que pela exposição na qual minha música me coloca. É como abrir-se
inteiramente diante das pessoas. No fundo confesso que tinha medo da não
aceitação de tamanha entrega de mim para os outros. Mas, para minha
surpresa, foi exatamente essa entrega que abriu espaço para minha obra,
que foi recebida com o mesmo amor e sinceridade com que foi concebida. A
chancela dessa acertada escolha foi um teatro lotado cinco dias antes
da estreia! Uma plateia linda de 500 pessoas, na estreia do show
"Trilhas de um cantador" produzido por mim e Priscila, sem apoio
midiático ou grandes investimentos. Entre essas pessoas incríveis,
estava meu pai - o Sr. Valter nunca havia me visto no palco - a emoção
era tão intensa que entre músicas e histórias fizemos ali não apenas um
show, mas um momento inesquecível. Uma verdadeira celebração naquela
noite de primavera! Amadurecida a proposta do show, hoje este encontrou
um propósito ainda maior. Em sua segunda edição foi o primeiro show
nacional totalmente adaptado para deficientes auditivos, com
interpretação das canções e diálogos em libras, e uma proposta sensorial
em que o público recebe balões (bexigas de festa) para, através deles,
sentirem todas as vibrações sonoras. Um show para ser sentido, prova que
música vai além do simples ato de ouvir. Em todos esses anos tenho
feito da arte meu caminho, e divido o que aprendi na vida em diversas
vertentes de criação. Atualmente, sigo na caminhada musical, atuo também
como ator de teatro e cinema, locutor publicitário, palestrante
motivacional, professor de música, contador de histórias, criador e
diretor de textos teatrais. Faço parte da Cia Mulungo de Oswaldo
Montenegro e administro a empresa "A Segunda Asa - Desenvolvimento
Humano" com minha esposa e sócia diretora Priscila Castellar. Na soma de
toda uma vida me vejo artesão, na essência mais caseira do termo, visto
que, minha obra musical e artística é a soma de tudo que sinto, vejo,
ouço, aprendo e, por fim, transformo. Moldando cuidadosa e manualmente
cada expressão, desejando que "meu canto abrace a todo aquele que puder
alcançar". "Semear abraços musicais, tendo no amor a certeza de que TODO
SER É CAPAZ".
Excelente disco !!!!!
Se vc gostou compre o original, valorize a obra do artista.
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foto jhonny sena |