Iniciou a carreira artística nos anos 1970 na cidade de Recife, PE,
tocando com músicos como Don Tronxo, Agrício Noia, Zé Ramalho, Lula
Côrtes, Robertinho do Recife e Marconi Notaro Flaviola. No início dessa
década os trabalhos desses e outros músicos ficaram registrados na
gravadora Mocambo-Rozenblit em discos como "No sub-reino dos
Metazoários", de Marconi Notaro e "Flaviola e Bando do Sol", de
Flaviola, dos quais participou tocando flauta.
Em 1974,
participou da gravação do LP "Paêbirú", de Zé Ramalho considerado um
marco da música nordestina contemporânea e que foi gravado em quatro
canais, contando ainda com as participações de Geraldo Azevedo, Ivinho e
Paulo Rafael.
Em 1980, lançou com Paulo Rafael o LP "Caruá",
contando com a participação de Lenine, Lula Côrtes e de Luciano
Pimentel, baterista do Quinteto Violado. O LP é composto, em sua
maioria, de temas instrumentais, sendo muito elogiado pela crítica.
Destacou-se nesse disco a faixa "Zé Piaba", de sua autoria, onde chama a
atenção a interpretação de Lenine e a bateria de Luciano Pimentel. No
mesmo ano, participou do LP "Coração bobo", de Alceu Valença, tocando
flauta nas faixas "Coração bobo"; "Gato na noite"; "Vem morena"; "Chô
saudade"; "Solibar"; "Na primeira manhã"; "Como se eu fosse um faquir";
"Cintura fina" e "A moça e o vento" e, pífanos na faixa "Coração bobo"em
versão de novena que encerra o disco.
No ano seguinte,
participou do LP "Cinco sentidos", de Alceu Valença, tocando flauta em
todas as faixas além de fazer o arranjo para a música "Fé na perua".
No
LP "Cavalo de pau", também de Alceu Valença, tocou flauta nas faixas
"Martelo alagoano"; "Lava mágoas"; "Pelas ruas que andei" e "Tropicana",
essa última, um dos dois maiores sucessos do disco, já considerado um
clássico do repertório do cantor.
No final da década de 1980,
tornou-se produtor e produziu discos de artistas pernambucanos de raíz
como Jacinto Silva, Toinho das Alagoas, Heleno dos Oito Baixos e outros.
Seu mais importante trabalho como produtor foi o disco "Brasil forró",
que foi concebido quando conheceu os forrozeiros Toinho de Alagoas e
Duda da Passira, dos quais reconheceu o talento e quis gravar algumas
faixas. Foram inseridas depois faixas com Heleno dos Oito Baixos e Zé
Orlando. A gravação desse disco foi feita em um estúdio de quatro
canais, e teve biombos de colchão de palha, a acústica garantida por
bandejas de ovos, voz registrada no banheiro e sanfonas tocadas e
gravadas num corredor. Esse disco,com o título de "Brazil: Forró - Music
for Maid and Taxi Drivers", ganhou o Grammy Awards na categoria
"Traditional Folk".
Em 1998, produziu para o selo Paradoxx o CD
"Você não sabe da missa um terço", da banda Querosene Jacaré. Em 1999,
teve a música "Zoar", com Carlos Fernando gravada pela Banda de Pífanos
de Caruaru. Nesse ano, foi homenageado pelo músico David Ganc na faixa
"Caldo de cana", título do CD lançado naquele ano e escrita no Recife em
1978 quando conheceu o flautista.
Em 2003, produziu o último
disco do músico pernambucano JacintoSilva, o CD "Só não dança quem não
quer", pelo selo Manguenitude. Nesse ano, teve participação especial no
CD "Aboiando a Vaca Mecânica", de Lula Queiroga. Participou também do lançamento do CD do cantor brasiliense Escurinho.
Em
2004, participou do primeiro CD solo do músico/gaitista Jeferson
Gonçalves do grupo de blues Baseado em Blues. Nesse ano, participou do
IV Fórum de Forró de Aracaju, no Teatro Atheneu, que homenageou os
artistas Clemilda e Genival Lacerda, que comemoram 40 e 50 anos, de
carreira respectivamente. Na ocasião, proferiu com Bráulio Tavares a
palestra "A árvore genealógica do forró, a partir dos seus criadores".
Segundo os ex-companheiros de Quinteto Violado, "Zé da Flauta é "pifeiro nato, único ofício. Definitivamente músico".
O DISCO
A rigor, Psicoativo é o primeiro álbum solo
da já longeva carreira do músico, produtor e compositor pernambucano
José Vasconcelos de Oliveira, vulgo Zé da Flauta. Mas não seria
equivocado se o nome do guitarrista, compositor e produtor musical
(também) pernambucano Tuca Araújo estivesse estampado na capa do álbum,
lançado em edição física em CD pelo selo Passa
Disco, braço fonográfico da homônima loja de discos do Recife (PE).
Araújo
assina a produção do álbum com Zé da Flauta. Mas não é por isso que ele
merece o crédito de coautor do disco. É que a guitarra de Araújo dá o
peso do rock que pauta Psicoativo, tendo no álbum a mesma relevância da flauta de Zé. Não por acaso, aliás, uma das faixas se chama Pesadamente, é de autoria do guitarrista e reverbera influências do rock da década 1970.
Sim, Psicoativo
é um disco de rock. Arquitetado desde 2013, gravado em 2015 e lançado
no ano de 2016, o álbum alinha nove temas terminados com o sufixo mente. Nem Nanáturalmente
(Zé da Flauta) – tema gravado com as vozes do percussionista
pernambucano Naná Vasconcelos (1944 – 2016) – deixa de ter a pegada do
rock, mesmo que a introdução percussiva evoque o elo de Naná com o
universo ancestral da mãe África.
Em Ativamente
(Zé da Flauta), tema que abre o álbum, a flauta de Zé sopra influências
que remetem ao toque da banda de Pífanos de Caruaru. Mas Zé leva o
disco no sopro roqueiro da flauta. De certa forma, o álbum Psicoativo é uma viagem. Inclusive no tempo. Progressivamente
(Zé da Flauta) já dá a pista no título de que o disco também remete ao
som da tribo de Jethro Tull, grupo inglês de rock progressivo levado
(também) na flauta do líder Ian Anderson. Surubinamente (Tuca Araújo) confirma tal influência.
Aos
65 anos, Zé da Flauta está em cena desde o início da década de 1970,
tendo participado de vários momentos e movimentos da cena musical
pernambucana. Embora seja o primeiro disco solo do artista, Psicoativo é o terceiro título de discografia que inclui álbuns assinados com o guitarrista Paulo Rafael (Caruá, 1980) e com o percussionista Fernando Falcão (Engenho de meninos, 2003). Psicoativo flagra o músico em plena ebulição criativa, no sopro rejuvenescedor do rock.
Se vc gostou adquira o original valorize a obra do artista.
TERRA BRASILIS
esse artista é único
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