Compositor, violonista e cantor paulista Guilherme Rondon, “Melhor Que
Seja Raro”, recente álbum do músico que foi criado em terras
pantaneiras, lugar que escolheu para ser sua morada. Rondon é um criador
de melodias e agregador de poetas que as vestem. O CD apresenta 13
temas e foi produzido pelo próprio músico em parceria com Alex
Cavallieri.
“Brincadeira na beira do mundo/Quem não sabe não faça/Coração quanto
mais é profundo a saudade não passa, é .../Nem sempre a verdade que o
amor me diz me deixa feliz”: esses versos compõem a canção “Brincadeira
na beira” (Guilherme Rondon e Alexandre Lemos), que abre o álbum.
Guilherme faz dueto com Léo Minax e nos convida a uma audição rica em
melodia e poesia. A canção que dá título ao CD, denominada “Melhor Que
Seja Rara” (Guilherme Rondon/Zélia Duncan), é de uma delicadeza única e
nela os violões dão as boas-vindas com uma introdução que nos remete aos
encantadores versos, poeticamente bem elaborados, de Duncan. Voz,
piano, baixo e cello: esse refinado quarteto nos apresenta a bela De Que
Reino Sou Rei (Guilherme Rondon/Iso Fischer). A interpretação de Rondon
é sublime, o cello de Morelenbaum nos coloca dentro de cada verso com a
mesma força emocional que faz com que nos sintamos partes vivas de uma
cena de teatro.
É hora de fazer uma fogueira na beira do rio e contemplar o luar ao som
de Vento Veio Contar (Guilherme Rondon/Zé Edu), com participação
especial de Gilson Espindola, que faz vocal e divide os versos com
Guilherme: a canção é uma pintura sonora, linda como uma paisagem
pantaneira. Em Enxurrada (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos), destaca-se o
lamento da gaita de Micca, que ainda pilota a guitarra solo numa levada
pop recheada de poesia. Quando escrevemos ou falamos em música que vem
do Pantanal, imediatamente somos remetidos à sonoplastia de guarânias,
polcas e chamamés de lá. Guilherme Rondon, que domina com maestria a
fusão de ritmos ternários da fronteira, vai além dos limites pantaneiros
– universalizando o regional, rompendo fronteiras com a arte local.
“Pão a gente faz para dividir/E a vida brota no grão”, diz a letra de
Pão pra dividir (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos). Mais uma criação da
dupla Rondon/Lemos: Entre o Rio e o Mar, a riqueza sonora se sente na
percussão que transborda e nos envolve. A Gente se Fala (Guilherme
Rondon/Alexandre Lemos) é esplendorosa e dialoga com o som de Ivan Lins.
Sua introdução tem a voz do bandolim de Webster Santos. Guilherme, em
parceira com Luiz Carlos Sá (da dupla com Guarabyra), compôs a poética
Alma e Razão e conta com o dueto de Américo e Nando. A dor da separação é
eternizada na canção Mentira Não (Guilherme Rondon /Alexandre Lemos). O
poeta mineiro Murilo Antunes rega a melodia de Rondon com o poema
matinal Amor perfeito é só uma flor. Para finalizar, Nas Ruas de São
Paulo e Rasta Feliz, com participação especial de Barra da Saia. CD
indispensável.
* Dery Nascimento
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TERRA BRASILIS
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