quinta-feira, 17 de maio de 2018

GUILHERME RONDON - MELHOR QUE SEJA RARO

Compositor, violonista e cantor paulista Guilherme Rondon, “Melhor Que Seja Raro”, recente álbum do músico que foi criado em terras pantaneiras, lugar que escolheu para ser sua morada. Rondon é um criador de melodias e agregador de poetas que as vestem. O CD apresenta 13 temas e foi produzido pelo próprio músico em parceria com Alex Cavallieri. “Brincadeira na beira do mundo/Quem não sabe não faça/Coração quanto mais é profundo a saudade não passa, é .../Nem sempre a verdade que o amor me diz me deixa feliz”: esses versos compõem a canção “Brincadeira na beira” (Guilherme Rondon e Alexandre Lemos), que abre o álbum.  Guilherme faz dueto com Léo Minax e nos convida a uma audição rica em melodia e poesia. A canção que dá título ao CD, denominada “Melhor Que Seja Rara” (Guilherme Rondon/Zélia Duncan), é de uma delicadeza única e nela os violões dão as boas-vindas com uma introdução que nos remete aos encantadores versos, poeticamente bem elaborados, de Duncan. Voz, piano, baixo e cello: esse refinado quarteto nos apresenta a bela De Que Reino Sou Rei (Guilherme Rondon/Iso Fischer). A interpretação de Rondon é sublime, o cello de Morelenbaum nos coloca dentro de cada verso com a mesma força emocional que faz com que nos sintamos partes vivas de uma cena de teatro. É hora de fazer uma fogueira na beira do rio e contemplar o luar ao som de Vento Veio Contar (Guilherme Rondon/Zé Edu), com participação especial de Gilson Espindola, que faz vocal e divide os versos com Guilherme: a canção é uma pintura sonora, linda como uma paisagem pantaneira. Em Enxurrada (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos), destaca-se o lamento da gaita de Micca, que ainda pilota a guitarra solo numa levada pop recheada de poesia. Quando escrevemos ou falamos em música que vem do Pantanal, imediatamente somos remetidos à sonoplastia de guarânias, polcas e chamamés de lá. Guilherme Rondon, que domina com maestria a fusão de ritmos ternários da fronteira, vai além dos limites pantaneiros – universalizando o regional, rompendo fronteiras com a arte local. “Pão a gente faz para dividir/E a vida brota no grão”, diz a letra de Pão pra dividir (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos). Mais uma criação da dupla Rondon/Lemos: Entre o Rio e o Mar, a riqueza sonora se sente na percussão que transborda e nos envolve. A Gente se Fala (Guilherme Rondon/Alexandre Lemos) é esplendorosa e dialoga com o som de Ivan Lins. Sua introdução tem a voz do bandolim de Webster Santos. Guilherme, em parceira com Luiz Carlos Sá (da dupla com Guarabyra), compôs a poética Alma e Razão e conta com o dueto de Américo e Nando. A dor da separação é eternizada na canção Mentira Não (Guilherme Rondon /Alexandre Lemos). O poeta mineiro Murilo Antunes rega a melodia de Rondon com o poema matinal Amor perfeito é só uma flor. Para finalizar, Nas Ruas de São Paulo e Rasta Feliz, com participação especial de Barra da Saia. CD indispensável.
* Dery Nascimento

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TERRA BRASILIS

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