sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
MARIA BETHÂNIA - MEUS QUINTAIS
No CD Meus Quintais, lançado pela Biscoito Fino, a cantora baiana Maria Bethânia reviveu momentos da menina que subia numa árvore do quintal na casa de seus pais, em Santo Amaro. “Ouvir o que ouvisse. Ternos de reis, sambas de roda, canto livre, a voz do vento, a voz que se guarda para sempre na fundura da intimidade”, disse a artista, contando que não sente falta da infância no interior, pois a carrega com ela. “Se eu consigo fazer um disco assim é porque isso tá em mim. Não fico saudosa. Eu vou pra Santo Amaro, e é igual. Sinto falta dos meus que já partiram… Mas ao mesmo tempo eu tenho eles tão vivos em mim”, revela.
Betânia ressalta ainda que a menina daquela época ainda está viva nela. “A menina tá aqui e é ela quem faz tudo, essa criança, a caçula de Zezinho e Canôzinha – que sou eu – é quem tá aprendendo tudo e ensinando a mim”, observa.
“Meus quintais” também traduz seu conceito sobre os povos indígenas, que segundo ela são os verdadeiros donos do Brasil. “O índio me inspira. Me comove, me identifica. O índio não sai da minha cabeça. Tá no meu sangue. Eu acho que o índio é o dono da terra. Eles são o chão do Brasil”, afirma. As faixas “Arco da Velha Índia”, “Moda da Onça” e “Uma Iara” abordam essa temática. “O Chico César fez a música “O Arco da Velha Índia” com um dos versos mais bonitos que alguém já me dedicou então pedi a ele para dedicar a Rita Lee, porque a Rita tem a sabedoria da velha índia. E acho lindo ela ter o cabelo vermelho”, diz.
Já em “Moda da Onça” e “Uma Iara” Betânia quis trazer para o disco as lendas brasileiras, mas com uma coisa meio de criança. “O disco tem um lado criança ao mesmo tempo que tem a faixa “Mãe Maria”, que sou eu mesma. A mãe Maria que eu falo ali sou eu. Mas tem a criança. Por isso eu pedi pras crianças cantarem em “Folia de Reis”, desenharem na arte do encarte do disco, eu sinto que tem essa mistura”, observa a cantora. O novo álbum traz uma sonoridade principalmente acústica, com arranjos que vão desde apenas voz e piano na faixa de abertura, “Alguma Voz” (canção de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro arranjada por André Mehmari) até formações maiores, como em “Folia de Reis”, de Roque Ferreira.
Bethânia ainda escolheu “Lua Bonita”, de Zé Martins e Zé do Norte, que diz conhecer desde criança, “Povos do Brasil”, de Leandro Fregonesi, que grava pela primeira vez, e “Dindi”, clássico de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira.
O álbum gravado em 2014 entre os trabalhos do show Carta de Amor e as celebrações dos 50 anos de carreira de Bethânia completados este ano teve uma espécie de complemento. “Quero usá-lo como um contraponto dos momentos grandiosos destes 50 anos, desde o show Opinião, quando estreei como cantora profissional, até aqui. É um contraponto para a vida em cena, a vitrine de ser uma cantora, a necessidade de viver em centros urbanos muito sofisticados, grandes”, explica Bethânia.
O CD começa e termina requintado com o piano de Mehmari e Wagner Tiso, respectivamente. ”No disco, eu faço eu, eu conto eu, viajo em mim, passo para o caboclo, viro Iara, saio, viro tapuia. Mas tem uma singeleza, uma naturalidade de cada um dos músicos. Eles iam realizando muito livremente, sem nenhuma pretensão de ‘ah, esse acorde’”, conta.
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