O cantor Maciel Melo pegou um atalho na sua trajetória e, agora, revela faceta diferente do forrozeiro, autor de Caboclo sonhador - grande sucesso da carreira que ficou famosa nas vozes de Fagner e Flávio José. Aos 55 anos, Maciel vive fase nova de descobertas. Ele fez uma tatuagem, deixou o chapéu de lado e incrementou o figurino com pulseiras e anéis. Mais pop, o cantor nascido em Iguaraci, no Sertão Pernambucano, apresenta Outra trilha, disco independente, que foi lançado primeiro em São Paulo.
No novo trabalho, Maciel percorre sonoridades até então inéditas,
como toada, baladas e o country, dialogando sempre com o forró.
Inspirado por Bob Dylan, a primeira faixa gravada foi Negro amor, uma versão de all over now, baby blue
composta por Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti. A partir daí, ele
rebuscou suas anotações e construiu o repertório. "Passei uma fase
ouvindo Bob Dylan e percebi uma ligação forte entre o country
norte-americano e a música sertaneja do Nordeste. Tava na intenção de
produzir um trabalho um pouco diferente do que vinha fazendo até
hoje, afirma.
Outra trilha é composto por 12 faixas e foi lançado apenas nas plataformas digitais. A estratégia é explorar as novas ferramentas para driblar as dificuldades como artista independente. "Minha intenção é tentar levar esse trabalho para o Sudeste e fazer uma música que possa penetrar lá. Algo que seja mais abrangente, mas tenha minha personalidade, a linguagem sertaneja, a sanfona, muita corda e a poesia". O forró está presente na linguagem, na poesia e no sotaque. As participações também foram escolhidas a dedo, como nas faixas Malabares (o gaitista Flávio Guimarães), Canarinho verde (Jaques Morelenbaum e seu o violoncelo), Esperando por setembro (Marcos Suzano e seu pandeiro) e No infinito do azul, letra em escrita com Renato Teixeira. Esta não é a primeira vez que Maciel passeia em novos horizontes. Em 2014, ele lançou Perfume de carnaval, um disco em homenagem a Carlos Fernando, divulgado durante os festejos de Momo.
Outra trilha é composto por 12 faixas e foi lançado apenas nas plataformas digitais. A estratégia é explorar as novas ferramentas para driblar as dificuldades como artista independente. "Minha intenção é tentar levar esse trabalho para o Sudeste e fazer uma música que possa penetrar lá. Algo que seja mais abrangente, mas tenha minha personalidade, a linguagem sertaneja, a sanfona, muita corda e a poesia". O forró está presente na linguagem, na poesia e no sotaque. As participações também foram escolhidas a dedo, como nas faixas Malabares (o gaitista Flávio Guimarães), Canarinho verde (Jaques Morelenbaum e seu o violoncelo), Esperando por setembro (Marcos Suzano e seu pandeiro) e No infinito do azul, letra em escrita com Renato Teixeira. Esta não é a primeira vez que Maciel passeia em novos horizontes. Em 2014, ele lançou Perfume de carnaval, um disco em homenagem a Carlos Fernando, divulgado durante os festejos de Momo.
Apesar
de satisfeito com o resultado, Maciel garante que não está se afastando
do forró. "Os puristas vão criticar. Mas não estou saindo de canto
nenhum. Fui dar um passeio fora. Estou indo buscar outros elementos para
trazer algo novo de volta". Durante o processo de criação, o compositor
passou a escrever poesia e prosa, compartilhando nas redes sociais.
"Acabei saindo do padrão da estética de letra de música e virou prosa.
Postei no Facebook e senti a resposta do povo. Passei a postar todo
dia", conta. O material será transformado em livro, ainda sem título,
com previsão de lançamento para novembro.
Entrevista Maciel Melo // cantor
http://www.diariodepernambuco.com.br
Qual a proposta do novo trabalho?
Nunca
entendi isso de discriminar que forró é uma coisa e MPB é outra. Para
mim, tudo é música brasileira. Estou sentindo essa música carente de
letra. Os temas usados na música, hoje, são muito banais. Estamos
precisando de alguém, não necessariamente eu, que possa botar linguagem
diferenciada. Não sei se vou conseguir. Estou adorando o disco. Fiz o
disco para mim. Quem quiser gostar, que goste, quem quiser comprar, que
compre, quem quiser ouvir, que ouça. Essa fase de escrever bastante está
me ajudando.
De onde surgiu a ideia de um trabalho diferente do que está acostumado?
No
começo da minha carreira, tinha uns 20 anos, e fazia esse tipo de
trabalho. O forró estava começando a fazer "pornografia". Senti que os
textos estavam caindo de qualidade. Como sertanejo e filho de
forrozeiro, me vi na obrigação de contribuir de alguma maneira. Deixei
de lado a cantoria e deu certo. Não imaginava que daria. Foi quando
estourou Caboclo sonhador e fui ganhar dinheiro com isso. Agora, estou
voltando, porque acho que o forró está numa fase difícil, principalmente
no Nordeste. Não há valorização do forró pela juventude. A música
sertaneja está invadindo de uma maneira que o espaço está ficando
estreito. Chega uma hora que você cansa. Acho que quem vai salvar a
música nordestina é o Sudeste. A juventude de lá adora. Eles valorizam
esse trabalho que fazemos aqui.
E o forró vai estar presente nos seus shows?
Ele
está por inteiro. Eu sou forrozeiro e não vou deixar de ser. É uma
coisa que me faz bem, que me deu tudo que eu tenho hoje. Não posso
abandonar de jeito nenhum. Tem que estar perto dele. Dei uma saidinha
apenas para buscar elementos e trazer de volta.
Você acompanha a música feita atualmente?
Eu
não estou acompanhando, eles estão me obrigando a ouvir. Em todo canto
toca, na TV, no carro de som, nas rádios, só toca isso. O cara vai tomar
cachaça, coloca aqueles "paredões" no carro, liga o som, abre a
porta-malas, põe aquela música de péssima qualidade e acha que o todo
mundo é obrigado a ouvir. Hoje em dia, raramente vou "biritar" em um
bar. Você chega nos restaurantes e encontra 20 televisões passando DVD
dessas porcarias. A maioria nem música são. A qualidade é tão ruim que
não tem adjetivo. Não gosto, não curto e não quero nem saber. Vou ouvir o
que eu gosto. Se isso for nostalgia, não importa. Gosto de Chico
(Buarque), Milton (Nascimento), Paulinho da Viola, Jackson do Pandeiro. É
tudo imposição colocada pela mídia, imposto do Sudeste para cá. O cara
chega no (programa do) Faustão e diz que toca forró. Eles impõem um
modelo de tudo: de modelo de educação. Por exemplo, ficam incentivando
as pessoas que ser gay é normal e todo mundo tem que ser. Sua família
vai ter que seguir isso porque é a moda, é normal. A música vai ser
essa, vamos empurrar isso aqui. O sertanejo tomou conta do Brasil todo.
Os caras agora estão começando a cansar e agora são as duplas de
mulheres, ao invés de dupla de homem. Aí depois inventa o arrocha, que é
horrível, mas dá audiência.Se vc gostou adquira o original valorize a obra do artista
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TERRA BRASILIS
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