quarta-feira, 18 de agosto de 2021

AMAURI FALABELLA - TEMPO DE PAZ

 


Uma verdade irretocável: música é coisa que os brasileiros sabem fazer direito.

Sem qualquer rompante ufanista, é uma verdade reconhecida mundo afora. Junta-se ao patrimônio – material e imaterial – onde são acrescidos belezas naturais, posição geográfica privilegiada, clima agradável, condição geopolítica relativamente tranqüila, uma vez que temos relações tranqüilas com nossos vizinhos.

Nesses tempos de pandemia, privados que estamos do contato social, a arte tem sido nossa melhor companhia. Somos lhes gratos pelas lives, pelos trabalhos produzidos na quarentena, que tem sido o nosso bálsamo, conseguindo realizar o milagre que transforma a desolação desses tempos difíceis em esperança, amor  e paz. Não, não estou recitando nenhum  manual de auto-ajuda; estou falando da experiência direta de quem acredita no que faz e gosta. Nesse sentido, é inspirador.

O CD Tempo de Paz, de Amauri Falabella, projeto contemplado pela Lei Emergencial Aldir Blanc, é o quinto trabalho de um artista que se move nas entranhas da cultura musical brasileira com a familiaridade de quem conhece cada centímetro quadrado desse vasto território, do qual o grande público conhece apenas uma pequena parte, pois a Arte consumida pelas “massas” geralmente obedece a padrões maleáveis à ouvidos condicionados ao consumo rápido e contínuo.



A música de Amauri requer corações e mentes abertos; ele traz um universo dentro de si e por isso sua arte flui como o deslizar tranqüilo de um riacho cristalino. “Malungo”, que sempre caminhou com gente como Vidal França, João Bá,  Kátya Teixeira, Consuelo de Paula, Elomar, Dércio Marques, e tantos outros, pois tem enorme facilidade de dialogar artisticamente com variados parceiros.



“Tempo de Paz” é um disco curto, tempo justo para breve pausa, se abastecer de energia boa e prosseguir a caminhada. São 9 faixas, com voz e violão, com sabor de  manjar preparado com requinte cuidadoso, sem pressa. Nascido de parcerias variadas,  como o profícuo Chico Branco (assina 3 músicas em parceria); o irrequieto Levi Ramiro, que compõe em qualidade e quantidade assombrosas; a mineira de raiz, Sol Bueno. Completam o time de parceiros Marco Túlio de Oliveira Reis, Marcelo Lavrador,  Helton Gomes e Joshen Rique.

A execução das faixas, com voz e violão, soa como se o artista estivesse na sala de casa, fazendo o tempo passar despreocupadamente, com leveza. Cada faixa pode literalmente ser chamada “trilha”, pois são caminhos que percorremos, desde  veredas sertanejas, trilhos urbanos, viagens siderais, serenatas em tranqüilas vilas interioranas.

Todas as composições são inéditas, com exceção de “Maria, Estrelas e Geraes”(Chico Branco e Amauri), que foi gravada pela  primeira vez por Kátya Teixeira no seu “Feito de Corda e Cantiga”, de 2011.  É a faixa que abre o disco e o faz em grande estilo, pois “Maria, Estrela e Geraes” está destinada a ser um clássico de nosso cancioneiro. Junto com  “Noites do Sertão”, de Tavinho Moura e Milton Nascimento, as cantigas tratam do universo mítico de Guimaraes Rosa.  “Noite do Sertão” é inspirada na novela homônima, a terceira parte de Corpo de Baile; “Maria Estrelas e Geraes” remete diretamente ao Grande Sertão: Veredas. As referencias mais explicitas são o Liso do Sussuarão e sua paisagem mítica e  “Maria” (primeiro nome da personagem Diadorim,  filha e vingadora do grande chefe Joca Ramiro, cujo nome completo é Maria Deodorina da Fé Bettancourt). Puro Guimarães Rosa, decifrado em harmonia e verso, por quem conhece os segredos:

Esse que vos escreve teve a oportunidade rara de ver essa canção nascendo. Por meados de 2010 /2011, quando de minhas andanças pelo famoso “Bar do Frango”, do Tatau – aquele que é para poucos! – encontrei Chico Branco. Sabedor que sou leitor do Grande Sertão: Veredas, humildemente pediu minha opinião sobre uns versos que estava compondo, inspirados pela obra, de quem é leitor devoto. Começou ele, declamando os versos iniciais do poema que nem nome tinha:

Certas canções serão veredas / Certas veredas serão reais / 

Certas canções serão divinas / Certas minas serão gerais...”

- Que tal, Joca? – perguntou, referindo-se a meu pseudônimo (Joca Ramiro), justamente em homenagem ao personagem do livro. Naturalmente fiquei espantado, pois esses versos iniciais do poema pareciam ditados diretamente pelo Rosa! Tudo ali estava repleto da sabedoria do mago de Cordisburgo!  Aldeanamente mineiro e ao mesmo tempo universal, onde nada era afirmado peremptoriamente; o modo de dizer é um meneio, um oscilar que não é de hesitação ou dúvida: o interlocutor é levado a matutar, a refletir. A palavra “certas”, que inicia cada verso, é um “negaceio”, uma aproximação cautelosa  - existe jeito mais  mineiro, esse dizer que não nega o desdizer? Certas canções, serão veredas” oculta nas entrelinhas  que nem todas as canções o serão! E assim prossegue, como se fosse o próprio Riobaldo narrando em seu prosear dançante. E nas semanas seguintes, Chico Branco sempre me mostrava a evolução dos versos, desdobramentos de outros. Até que numa das noites, encontrei-o acabrunhado, aborrecido. Ao me ver, um tanto constrangido, desabafou:

- Empaquei, Joca Ramiro. Não consigo terminar. Vou passar o cajado pro Amauri, ele vai saber o que fazer...

...e foi assim que se concretizou a parceria. Quando, meses depois, ao ouvi-la completa, com melodia, senti-me guiado através do universo e fez sentido o que o próprio Rosa dizia: “O sertão é o mundo.” Ou seja, o sertão está em toda a parte!

  



Muitas cantigas foram escritas inspiradas no Grande Sertão e em outras obras do Guimarães, muitas ainda serão escritas e cantadas, mas “Maria, Estrelas e Geraes”, certamente é um hino roseano, até aqui conhecido  pela voz de Katya Teixeira, acompanhada por Ricardo Vignini na viola e Thomas Rohrer na rabeca... Agora, na voz de um dos autores, acompanhando-se ao violão, faz desdobrar em nossa imaginação, “outro sertão”, um sertão de profunda solidão. Talvez, ao ouvir a cantiga, Rosa dissesse: São Ser-tões.



“Almas”, segunda trilha vinda a seguir, parceria com Helton Gomes, com agudas e certeiras referências à natureza. Em tempos como os que vivemos atualmente, nem é preciso explicar muito, né? Basta ouvir e, se puder, concordar com os autores: “almas de guerra, almas de paz”.

A terceira faixa: ”Vau da Ilusão”, parceria com o espevitado Levi Ramiro. O arranjo lembra um trotezito em lombo de cavalo manso, a percorrer trilhas e veredas, completamente cercado por uma natureza pujante, idílica. Vamos com eles, de garupa, numa Terra onde ainda é possível pôr-e-nascer de sol!

“Casa da Criação”, quarta trilha, parceria com Marcelo Lavrador:  caminhada sem pressa de chegar. Um vagabundear numa prainha litorânea, repleta de refêrencias afro-brasileiras. Um alegre bailado, um tempo reencontrado, reencontrar de memórias e assim seguimos rumo ao Quilombo-Brasil, liberto!

A quinta faixa, “Feito Tatuagem”, com Marco Túlio de Oliveira Reis. Poema denso e atemporal, num cenário que pode ser qualquer lugar entre a cidade ou sertão. O sentimento é universal, se crava no corpo e na alma, feito tatuagem. O sentir é um  “tipo de encanto”.

Na trilha de nº seis, “Valsa da Pequenina”, mais uma carona com o versátil Chico Branco. Uma dengosa falsa, nostálgica, permeada do frescor da eterna infância, em cada um: se reparar bem, a gente vê, no cair da tarde, menina brincando de amarelinha e menino jogando pião, trocando risos e olhares.

Na sétima faixa, “Sabiá”, a necessária parceria com a mineira Sol Bueno (como viajar por Minas e não prosear com Sol?). Uma canção suave, pra não espantar Sabiá, o insistente, teimoso e alegre cantor, que tem como reino a laranjeira. Sabiá é símbolo de resistência do bioma mais ameaçado e mais delicado: o cerrado.

Embrenhando-se na oitava trilha, “Valsa Sideral”, com Chico Branco de co-piloto. É a trilha sonora para o poeta que embarca numa nave e parte pelo espaço sideral a procura de seu amor. É o céu do Brasil em noite cheia de estrelas e o poeta segue um mapa que o leva à janela da amada, onde ensaia dedilhados e versos à Musa, por quem se torna viajante de tempos e rompe espaços.

Chegamos a nona vereda: “Dois Ventos”, letra e musica de Joshen Rique. A interpretação de Amauri é o trilhar da estrada que leva de Minas ao Texas, desviando das borboletas, como diria o poeta Luis Carlos Bahia. O disco termina alegre, como numa descontraída contradança. Nas entrelinhas, induz à reflexões e então, temos a impressão de retornar ao inicio; reiniciar  ciclos, reviver, refazer caminhos ou novas buscas. Afinal, “...tudo é vento (...) Antes do fim da missão, não sai.”

 *Texto extraído do blog:http://www.sertaopaulistano.com.br

quinta-feira, 22 de abril de 2021

SOM DAS DEZ - O SOM DA VIOLA

 

 

O projeto SOM DAS DEZ cujo nome é uma referência as Dez Cordas da Viola Caipira representa a união de músicos apaixonados pelo Som da Viola e que mesmo vivendo em grandes centros urbanos, admiram e são guiados pela simplicidade da vida das pequenas cidades do interior, os sons da Natureza, os sabores e cheiros que permeiam e cultivam a paz e a fraternidade da vida no Campo.
Em Seu repertório são executadas peças do Cancioneiro Caipira/Popular, abrangendo ritmos de todo o Brasil, somados às influências das canções da música Popular Brasileira, o pop, e as tradicionais musicas Caipira e Sertaneja.

Seus integrantes se conheceram na Orquestra Paulistana de Viola Caipira, uma das mais ativas e conceituadas do gênero no Brasil, onde atuaram como músicos, professores, elaboradores/desenvolvedores de projetos culturais e administradores.
o grupo é formado pelos músicos Marcos Siqueira (Viola/Violão/Voz), Alex Faria (Viola Solo), Jocimar Santos (Viola Solo/Voz), João Carlos ( Viola/Voz) e Adriana Godoy (Viola/Produção) , participação especial Escurinho Jr. (Regional Viola minha Viola)

Se vc gostou compre o original, valorize a obra do artista.

Vc também poderá ouvir nas principais plataformas digitais.

https://www.facebook.com/somdasdez/

Recomendadíssimo !!!

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TERRA BRASILIS 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

FRANCIS ROSA - DE JOANÓPOLIS A BARBACENA

 


O violeiro, cantor e compositor, Francis Rosa lança seu décimo disco chamado “De Joanópolis a Barbacena”, o disco que conta com 11 canções inéditas traz Francis Rosa: Viola Caipira / Voz, Reginaldo Oliveira e Carlito Rodrigues: Baixo, Rafael Schimidt: Violão Nylon, Daniel Blando: Sanfona, Matheus Pedroso Ruíz: Bateria, Rafael Beck: Arranjo de Cordas, Rafael Henrique: Cello e Rogério Romera: Violino e Viola Clássica.

A ideia central do disco é mostrar os costumes, dialetos, gastronomia, atividades e cultura da Serra da Mantiqueira, onde Francis Rosa é nascido e criado, mais precisamente em Joanópolis, no interior de São Paulo.

Sendo assim, o artista juntamente com uma equipe de cinegrafistas, a Wolf Connection de Joanópolis, percorreu 10 cidades da Serra para entrevistar o que ele considera “os verdadeiros heróis deste país”, foiceiro, tirado de leite, benzedô, roceiro…, essa viagem está registrada em um documentário que leva o mesmo nome e estará disponível em todas as plataformas digitais no dia 18 de abril.

Entre as cidades que o violeiro percorreu está: Joanópolis – SP, Monte Verde – MG, São Francisco Xavier – SP, São Bento do Sapucaí – SP Monteiro Lobato – SP, Gonçalves – MG, Delfim Moreira – MG, Baependi – MG, Ibertioga – MG e Barbacena – MG, são as cidades percorridas para contar um pouco da história desta serra que Francis Rosa tanto ama: a Serra da Mantiqueira.

Saiba mais:

1366 – Está saindo do forno a lenha “De Joanópolis a ...

Fonte:https://barulhodeagua.com


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https://www.francisrosa.com/

Disponível nas principais plataformas digitais.

Recomendadíssimo !!!!!!! 

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TERRA BRASILIS 


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

LUDI SOUSA - ARTESÃO (EP) / 25 ANOS DE ESTRADA

 


Com 25 anos de carreira, Ludi Sousa maranhense de nascimento e manauara de coração apresenta canções que integram dois novos trabalhos, o disco “Ludi Sousa 25 anos de estrada” e o EP “Artesão”.

“O álbum comemorativo, disponível nas plataformas digitais, traz, no total, dez músicas, todas inéditas. Entre as composições estão parcerias com Ruben Menezes, Gonzaga Blantez e Geraldo Azevedo. “Já ‘Artesão’ tem quatro músicas autorais e uma releitura de ‘Índia Lua’, de Antonio Pereira”.


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ARTESÃO

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25 ANOS DE ESTRADA

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TERRA BRASILIS




MARCIA SIQUEIRA - CANTO DE CAMINHO

 


 

Márcia Siqueira é o que se pode chamar de talento precoce. Com apenas 4 anos de idade já cantava no coral da Igreja Batista que freqüentava.

Ainda menina, mudou-se com a família para o nordeste, onde começou a se destacar como cantora, ganhando o prêmio Canta Nordeste, realizado pela Rede Globo em 95, e também o troféu Sistema Meio Norte de Comunicação.

De volta a Manaus, sua terra natal, deu continuidade à sua brilhante carreira, arrebatando prêmios de melhor intérprete em quase todos os festivais e concursos que participou. Bastante requisitada para gravações, seja para participações-solo ou backing vocals, participou de CD’s de vários artistas regionais como David Assayag, Tadeu Garcia, Vermelho e Branco, Raízes Caboclas e muitos outros.

Foi destaque no projeto Cantoria Amazônica realizado em 2000, no Rio de Janeiro, representando o Amazonas em recital ao lado do grupo Raízes Caboclas e do poeta Thiago de Mello.

Márcia já se apresentou duas vezes na Alemanha. A primeira, durante a Expo 2000, em Hannover; a segunda, na Mostra do Cinema Brasileiro, em Munique.

Aos 28 anos, Márcia Siqueira gravou em 2000 o seu primeiro CD solo, “Canto de Caminho”, somente com músicas regionais.

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TERRA BRASILIS

 

XANGAI EM CATINGUEIROS

 


 Xangai – nome artístico do cantor, compositor e violeiro baiano Eugênio Avelino – promove álbum em que dá voz a músicas de quatro compositores conterrâneos, alguns tão regionalistas como o próprio Xangai. O cordelista e repentista Bule-Bule, o cantador e violonista Elomar, o cantor Gordurinha – nome artístico de Waldeck Artur Macedo (1922 – 1969) , único dos quatro compositores que já saiu de cena – e Mateus Aleluia têm músicas autorais revividas na cantoria do CD Xangai em Cantingueiros.

Cantingueiros é expressão inventada pelo artista para fazer alusões tanto à caatinga quanto aos cantadores do árido sertão nordestino. O álbum traz 12 números musicais extraídos da web série também intitulada Xangai em Cantingueiros (veja you tube) e filmada em abril de 2017 ao longo de imersão de dez dias no sertão da Bahia, mais especificamente no Sítio Ponta da Torta, no município de São Gonçalo (BA).

No disco, Xangai canta três músicas de cada um dos quatro compositores enfocados na série feita sob direção de Igor Penna. De Bule-Bule, as composições escolhidas foram A máquina de lavar roupa, Que moça bonita é aquela? e Cancela do sossego. De Elomar, cujo cancioneiro já foi abordado por Xangai em discos da década de 1980, o cantador de entonação singular reaviva A meu Deus um canto novo (1979), Incelença do amor retirante (1973), e Puluxia das sete portas (1986).

Da obra de Mateus Aleluia, integrante da formação clássica do grupo baiano Tincoãs, o álbum Xangai em Cantingueiros rebobina Cordeiro de Nanã (1977), Deixa a gira girar (1973) e Promessa ao Gantois (1975), três temas compostos por Aleluia com o colega de grupo Grinaldo Salustiano, o Dadinho, morto em 2000.

Por fim, do repertório de Gordurinha, Xangai dá voz a Súplica cearense (com Nelinho, 1960), Orora analfabeta (com Nascimento Gomes, 1959) e Mambo da cantareira (Barbosa da Silva e Eloide Warthon, 1960), música que, embora não tenha a assinatura de Gordurinha na composição, foi lançada na voz do cantor baiano. 

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