O TERRA BRASILIS vem por esta postagem homenagear este grande musico e compositor brasileiro que com grande tristeza nos deixa antes do combinado.
Deixa uma obra maravilhosa, mas como ele sempre gostava de dizer:
-- Sou apenas um rapaz latino americano...
Nascido na cidade de Sobral, Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle
Fernandes, ou simplesmente Belchior, teve uma infância simples, de
menino do interior, como ele próprio gosta de descrever, porém, a Sobral
da sua meninice era uma cidade repleta de sons, cores e poesia, que
iluminariam seu imaginário por toda a sua trajetória. Alguns deles,
dentro da sua própria família, como de seu pai, que tocava sax e flauta,
e de sua mãe que, cantava no coro da igreja local.
Belchior conta que havia na cidade uma rádio que se espalhava por todos
os cantos, através das então conhecidas radiadoras (alto-falantes
cônicos que lembram um megafone e eram usados para propagar o som pela
cidade). Além disso, Bel, como gosto de me referir ao poeta, adorava
admirar as pinturas das igrejas (Sobral tem muitas) e correr atrás das
bandas de música, tradicionais grupos musicais do Nordeste, compostos
por sopros e percussão, que ainda resistem ao tempo nas cidades do
interior.
Mudando-se para Fortaleza a fim de continuar seus estudos, o artista
acabou por ingressar no Liceu do Ceará, de onde sairia para um Mosteiro,
em Guaramiranga – CE, e de lá para a faculdade de Medicina, em
Fortaleza. Somente por essa época, Belchior teria contato com o
movimento artístico que efervescia na cidade e de onde sairiam nomes
como Fausto Nilo, Fagner, Ednardo, Rodger, Cirino e outros tantos. E foi
ali, com aquele grupo de novos amigos, que ele viu pela primeira vez a
possibilidade de compartilhar sua arte com outros colegas.
Em meio à criativa boemia fortalezense do início dos anos 70, o jovem
cantor resolveu largar a faculdade de Medicina e encarar a “vida de
artista”, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1971. Quando venceu o
supracitado Festival Universitário, teve compactos lançados em 1971 e
1973, e em 1972, sua canção “Mucuripe”, em parceria com Fagner, foi
lançada por Elis num compacto. Seu primeiro Long Play, Mote e Glosa, no
entanto, só seria lançado em 1974.
Apesar das conquistas, o nome de Belchior só ganharia grande notoriedade
com o lançamento de Falso Brilhante, em 1976, disco antológico de Elis
Regina em que ela interpretava, de forma visceral, “Velha Roupa
Colorida” e “Como Nossos Pais”. Esse foi o LP mais importante da
carreira de Elis, um registro em estúdio de parte do repertório do seu
espetáculo musical de maior repercussão.
Com o sucesso das composições de Belchior na voz de Elis Regina, a
Polygran lançaria, em agosto de 1976, o disco que viria a ser um dos
mais importantes de todos os tempos para a música brasileira, e após 39
anos, Alucinação, de Belchior, ainda ecoa várias canções por rádios,
TVs, shows e regravações em todas as partes do Brasil. Canções como “A
Palo Seco”, “Apenas Um Rapaz Latino Americano”, “Como Nossos Pais”,
“Fotografia 3x4”, “Alucinação” e todo o restante do disco, se tornariam
verdadeiros hinos, entoados nos shows de Belchior por toda sua carreira.
Sem sombra de dúvidas, Belchior é um dos maiores compositores de todos
os tempos da nossa música popular, as sutilezas poéticas de sua obra são
encantadoras, emocionam e gozam de uma liberdade que, por vezes, podem
ser comparadas às genialidades de Fernando Pessoa e Bob Dylan. Se Bel
queria mesmo que seus versos, feito faca, cortassem a nossa carne, ele
conseguiu. Porque a juventude do nosso coração é perversa e nos faz
sofrer, perceber que “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.
Nesse mundo, é difícil não querer o a cabeça pensa, querer o que a alma
deseja, e enxergar que “a vida inteira está naquela estrada, ali em
frente”.
Resta-nos saber quais versos Belchior ainda guarda para nós “sob as
dobras do blusão”. Que discos tem ouvido? Com que pessoas tem
conversado?
Ele é “apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem
parentes importantes e vindo do interior”, mas soube compreender e
cantar, como poucos, a nossa solidão, o nosso som, a nossa fúria e a
nossa “pressa de viver”.
Viva, Belchior!
Estou postando os discos que eu mais gosto, se alguém ter interesse na discografia tenho todos.
ALUCINAÇÃO 1976
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TRILHAS SONORAS- 1990 AO VIVO
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ACÚSTICO - 1991
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UM CONCERTO BÁRBARO - ACÚSTICO - 1995
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UM CONCERTO A PALO SECO / COM GILVAN DE OLIVEIRA - 1999
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ETERNAMENTE BELCHIOR (COLETÂNEA TERRA BRASILIS/ CAPA DA INTERNET)
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