terça-feira, 17 de maio de 2022

VITRAL - ENTRE AS ESTRELAS

 

 

No mundo das artes não faltam histórias de trabalhos "perdidos", seja porque não restaram cópias, seja porque sequer foram concretizados. Quantas bandas não fizeram apenas shows, os quais não foram registrados, portanto, só restam aos musicólogos atuais relatos de integrantes ou espectadores? Fãs ficamos curiosos, mas morremos sem conhecer trabalhos considerados precursores do estilo que amamos.

A cena do rock progressivo brasileiro certamente tem seu quinhão de grupos jamais registrados. Um deles era o Vitral, formado no Rio de Janeiro, no início dos anos 1980, por Alex Benigno (guitarra e teclados), Claudio Dantas (bateria e percussão), Eduardo Aguillar (baixo, teclados e guitarra), Elisa Wiermann (teclados) e Luis Bahia (guitarra e baixo).

A banda atuou por cerca de dois anos e pouquíssimos registros subsistem. Mas, graças à algumas partituras, raras fotos e fitas cassete com gravações domésticas encontradas por Eduardo Aguillar em seu arquivo, surgiu a ideia de produzir um álbum com suas músicas compostas para a banda.

O que a princípio seria trabalho solo, transformou-se na proposta de unir os antigos integrantes para participarem do projeto, convite imediatamente aceito por Claudio Dantas. O Vitral reconstituía-se.

A formação atual é: Claudio Dantas (bateria e percussão), Eduardo Aguillar (teclados), Luiz Zamith (guitarra), Marcus Moura (flautas), Vítor Trope (baixo). Todos experientes na cena prog nacional, tanto em suas carreiras-solo, como em suas participações em bandas como o Bacamarte e Quaterna Réquiem.

O Vitral passou então a arqueologizar sua própria história e trouxe à luz o álbum Entre As Estrelas, lançado pela Masque Records, no final de dezembro. São três faixas, compostas por Eduardo Aguillar entre 1983 e 1985, exceto as 'Estações', constantes da quilométrica canção que nomeia o CD: estas foram escritas em 2016.

Não dá para negar a raiz oitentista do prog do Vitral. Mesmo gravado ano passado, o estilo das composições e mesmo a sonoridade remetem a bandas europeias e latino-americanas da década, que se inspiravam no sinfônico setentista, mas já compunham e tocavam sob o impacto dos novos sintetizadores e da influência de artistas como Jean Michel Jarré.

Pétala de Sangue abre solene, mas não demora nada a apresentar suas verdadeiras cores alegres. Intercalando solos de guitarra, teclado e flauta, há momentos que dá a impressão de trilha sonora para filme de fantasia oitentista ambientado na Idade Média. Dá vontade de cirandar por torneios e feiras do medievo.

Em um álbum inteiramente instrumental, o grande teste vem com a faixa-título, que dura quase 52 minutos e meio. Estivéssemos na época em que a maioria de suas partes foram compostas e não sobraria espaço para as outras duas canções e mesmo ela teria que vir dividida entre os lados 1 e 2 do bolachão de vinil. Entre as Estrelas é constituída de vários segmentos interligados pelas Estações mais recentemente idealizadas. Em sua maioria o clima e andamento são vibrantes, meio de corrida espacial mesmo

Depois de tanto agito, repouso faz-se necessário e então entra a faixa-fecho, Vitral, com seu delicado clima quase litúrgico de pós-medievalidade.

Entre as Estrelas, o álbum, é um achado para quem acompanha a cena prog brasileira, pois recupera material que poderia se perder nas inclementes areias do tempo.

Saiba mais:

Formada no Rio de Janeiro no início dos anos 80, a banda de rock progressivo VITRAL ficou aproximadamente dois anos em atividade, com pouquíssimos registros da época. Mas, graças à algumas partituras, raras fotos e fitas cassete com gravações domésticas encontradas por Eduardo Aguillar (baixo/teclado/guitarra) em seu velho arquivo, surgiu a ideia de produzir um álbum com suas músicas compostas para a banda. O que a princípio seria um trabalho solo se transformou na proposta de unir os antigos integrantes para participarem do projeto, proposta imediatamente abraçada pelo baterista Claudio Dantas. Partiram então para as gravações de teclados, baixo e bateria, o seria um pulo para o desafio de relançar a banda, reconstruindo o grupo com novas ideias, experiências e inspirações. 

A formação original era composta ainda pelo guitarrista e tecladista Alex Benigno, pelo guitarrista e baixista Luis Bahia e pela tecladista Elisa Wiermann. Atualmente, ao lado de Eduardo Aguillar e Cláudio Dantas, formam a banda o guitarrista Luiz Zamith, Marcus Moura (flautas, teclados e acordeão - Bacamarte / ex-Roque Malasartes) e o baixista Vítor Trope (Orquestra Rio Camerata). Nascia, assim, após quase quatro décadas, o primeiro CD da banda, ENTRE AS ESTRELAS, um lançamento nacional que balizado, também, a partir da jovem parceria entre a produtora VÉRTICE CULTURAL, a RÀDIO BEPROG e a MASQUE RECORDS, responsável pela distribuição no Brasil e no exterior. No Rio, o show de lançamento será na terça-feira, dia 03 de abril, às 19h, no Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia.

Completamente instrumental, o disco traz uma mistura de influências e inspirações em três músicas, sendo uma delas, a faixa título, uma suíte de 52'22”, dividida em treze movimentos. Todas as músicas foram compostas entre 1982 e 1985, com exceção das “ESTAÇÕES”, pequenos movimentos que interligam toda a suíte, essas compostas em 2016.Com capa realizada pelo também artista plástico Claudio Dantas, o CD tem sido reconhecido como um dos melhores discos recentemente lançados no cenário progressivo mundial. E consta entre os dez melhores lançamentos mundiais de 2017 pelo famoso site progarchives.com. Hoje publicações sobre o álbum são encontradas no Brasil, Estados Unidos, Europa e Japão.

Hoje o VITRAL está de volta e é formado por músicos que, além de participarem de outras bandas e/ou realizarem seus trabalhos solos, resolveram também fazer parte dessa nova história do rock progressivo nacional. O lançamento do álbum “Entre as Estrelas” revigora o movimento da música progressiva no Brasil, destacando o cenário carioca como lançamento deste trabalho que remonta aos mais belos álbuns produzidos no auge deste segmento musical na década de 70, seja pela harmonia, composição e a execução rebuscada de muita qualidade e formação musical.
Se vc gostou compre o original valorize a obra do artista.
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