Lançado na primeira semana de outubro de 2017, o 17º álbum de Amelinha,
De primeira grandeza – As canções de Belchior
(Deck), alinha no repertório dez músicas do cancioneiro do compositor
cearense Antonio Carlos Belchior (26 de outubro de 1946 – 30 de abril de
2017).
Conterrâneo de Amelinha, cantora cearense que debutou há 40 anos no mercado fonográfico com o álbum
Flor da paisagem (1977), Belchior tinha pedido a cantora que regravasse a composição
De primeira grandeza, lançada na voz do autor e cantor há 30 anos, no álbum
Melodrama
(1987). Feito em meados dos anos 1990, o pedido foi atendido
postumamente por Amelinha no disco idealizado pelo produtor Thiago
Marques Luiz e gravado em agosto desde ano de 2017 no estúdio Canto da
Coruja, situado em Piracaia (SP), cidade do interior do estado de São
Paulo.
Sob a direção musical de Estevan Sincovitz (guitarra,
violões e baixo), integrante da banda que também inclui Caio Lopes
(bateria), Fabá Jimenez (guitarra e violão), Ricardo Prado (teclado,
baixo e sanfona), Amelinha deu voz às canções
A palo seco (1973),
Alucinação (1976),
Comentário a respeito de John (1979),
Incêndio (Belchior e Petrúcio Maia, 1980),
Mucuripe (1972),
Na hora do almoço (1971),
Paralelas (1975),
Passeio (1974),
Princesa do meu lugar (1980) – música que batizou álbum da cantora Guadalupe e que nunca foi gravada por Belchior – e, claro,
De primeira grandeza (1987).
Amelinha conta um pouco da relação com Belchior e da gênese (e sentimentos) do disco no texto que apresenta o álbum
De primeira grandeza – As canções de Belchior:
"Na década de 1990, por volta de 1996, encontrei com
Bel nos bastidores de uma emissora de TV em São Paulo e ele me disse que tinha feito uma música chamada
De primeira grandeza
e que gostaria muito de ouvi-la na minha voz. Foi uma surpresa
deliciosa, mas como estava num momento um tanto tumultuado na minha vida
pessoal e profissional, guardei a música para fazer parte de um disco
de carreira que tivesse uma representatividade mais ampla.
Depois, em 2000, gravei com ele e Ednardo o CD
Pessoal do Ceará, produzido pelo Robertinho do Recife e lá também não coube
De primeira grandeza, pois era um disco autoral com músicas já conhecidas.
Em 2012 fui convidada por Thiago Marques Luiz para gravar o CD
Janelas do Brasil. Incluímos
Galos, noites e quintais, canção emblemática do
Bel (ele me chamava de
Mel),
que fizemos questão de inserir também no meu primeiro DVD, gravado em
seguida com os meus sucessos e com convidados especiais que fizeram
parte determinante e fundamental da minha trajetória: Fagner, Toquinho e
um novo parceiro, Zeca Baleiro.
De primeira grandeza permaneceu na lista do que eu chamo de
"meu balde de canções" para a continuação de
Janelas do Brasil, assunto que eu já vinha falando com Thiago há um ano.
Em janeiro de 2017, no aniversário de São Paulo, cantei
Passeio,
música do primeiro disco do Bel, de período em que nossa convivência
era bem intensa e no qual eu pude assistir de perto ao nascimento de
canções como
Mucuripe,
A palo seco,
Na hora do almoço,
Paralelas e tantas outras.
Continuei dizendo nos shows:
'Volta, Bel!',
mas nunca imaginei que fosse acontecer desta forma. No primeiro
momento, fiquei sete dias muda, quieta, chocada e com um vazio enorme no
meu peito. Mesmo assim, recebi o convite de Thiago com um sentimento
não identificável, mas simplesmente disse
'sim!'. E pensei:
'Como vou conseguir?', e isso ficou em mim até chegar o momento da gravação.
Fui
conduzida por Deus, eu creio, através do produtor a um lugar belíssimo
para gravarmos esse álbum, no interior de São Paulo com um clima puro e
frio que transmitiu paz e esperança. Água de mina, cachoeira, comida
orgânica. Tudo de uma pureza vital e restauradora. Acordávamos cedo,
café às dez, gravação a partir das 14h até as 19h. Em quatro dias
gravamos este disco, neste ritmo, basicamente ao vivo.
Foi um
intensivão,
penso que necessário para que eu, rodeada de tantas pessoas de almas
bonitas, de crianças e de animais como ganso, galinha d'angola, cavalos,
cachorros lindos, vacas, gatinhos, além de uma tremenda cachoeira
sonora e transbordante ao largo, enfim. Aquilo tudo me ajudou
poderosamente a realizar minha tarefa.
Respirei fundo e me entreguei de voz e alma. Eis-me aqui novamente com mais um álbum no qual, além da composição
De primeira grandeza, veio uma cascata de outras músicas do saudoso amigo, a compor esta nova e delicada sinfonia.
Sinto-me
agradecida, revigorada, muito mais forte. E tudo isso tem uma
intrínseca relação com as conversas que desde os anos 1970, e ao longo
do tempo, vinha desenvolvendo com o
Bel, nesta nossa relação
tão próxima que sempre foi, mesmo estando longe. Agradeço a todos que
participaram deste momento de carinho, a toda equipe do disco
De primeira grandeza, que foi maravilhosa e dedicada. E a Deck por abraçar o nosso projeto.
Espero que gostem de voar conosco nesse
'Disco Voador, meu amor! Meu Amor! Meu Amor! É pra você'.
'Quando estou sob as luzes, não tenho medo de nada e a face oculta da lua que era minha aparece iluminada' ". Amelinha
(Créditos das imagens: Amelinha em foto de Murilo Alvesso. Capa do álbum
De primeira grandeza – As canções de Belchior)
texto:http://g1.globo.com
Se vc gostou adquiri o original, valorize a obra do artista.
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TERRA BRASILIS