O cantor e compositor Chico Teixeira lançou seu
terceiro disco, “Saturno”, que também dá nome à primeira faixa do
trabalho, composta por João Lavraz, irmão de Teixeira, falecido em 2014,
a quem o álbum é dedicado.
Além de ser o único músico de sua geração comprometido com o resgate e
a continuidade do patrimônio musical do sertanejo de raíz -
imortalizado por nomes como Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho,
Renato Teixeira, pai de Chico, e Rolando Boldrin - Chico inaugura uma
vertente contemporânea do gênero. Na contracorrente da linha estrutural
bruta e rústica do sertanejo de raíz, o artista inova a canção regional
com letras alinhadas às vozes contemporâneas femininas como a da artista
Rita Wainer, que assina a arte das camisetas e palhetas de violão da
turnê “Saturno”. Amante de Mercedes Sosa, Leon Gieco e Antonio Tarrago
Ros, Chico incorpora elementos da música pop e latina a sua sonoridade e
amplia a temática da vida no campo para indagações existenciais, também
no contexto urbano, e atualiza o sertanejo de raíz em “Saturno”.
Entre as parcerias do novo disco, Roberta Campos e Renato Teixeira
representam as duas faces deste universo e gerações unidas pela
transição musical proposta pelo álbum. A participação da ótima cantora
espanhola Irene Atienza, com sua voz potente e interpretação
contundente, traz dramaticidade à épica “Mãe da Lua”. Enquanto o
paulistano radicado no Mato Grosso do Sul João Carrero aponta os
diferentes rumos desta sonoridade em mutação ao lado do parceiro da nova
geração Chico na preservação da herança musical regional. A
faixa-título, composta por João Lavraz, irmão de Teixeira, falecido em
2014, inaugura a jornada musical de Chico e batiza tanto o álbum como o
estúdio da família Teixeira, localizado na Serra da Cantareira, criado e
estruturado por João. Ao mesmo tempo em que Chico absorve caminhos
sonoros novos, o artista mantém sua atuação na perpetuação da música
brasileira de raíz. Diretor artístico de “Raízes Sertanejas”, projeto
que leva os clássicos da música de raiz a teatros municipais do interior
de São Paulo... ( No Raízes Sertanejas Chico é também o artista
principal e convida, a cada show, Sérgio Reis. Os dois cantam de 3 a 4
músicas juntos...) O “Tocando em Frente”, como citou, é outro projeto
onde Chico toca violão de 6 cordas ao lado de Renato Teixeira, Sérgio
Reis e Almir Sater.
Sobre Chico Teixeira
Chico Teixeira tem a música no dna. Representante da nona geração de
músicos na família, começou a carreira em 2002 com o lançamento do álbum
homônimo, gravado apenas com voz e violão. Em 2011, lançou seu segundo
trabalho, “Mais que o Viajante”, que contou com participações de Gabriel
Sater e Dominguinhos. Em 2017, Chico Teixeira lança “Saturno”, terceiro
disco de sua carreira, com músicas em parceria com nomes como Roberta
Campos e Renato Teixeira.
Faixa a faixa por Chico Teixeira
01- Saturno (João Lavraz)
Essa música é uma produção familiar, feita pelo meu irmão João Lavraz
quando tinha uns 21 anos. Uma vez, ele, minha irmã Antonia e eu
resolvemos montar um trio, mas só tocávamos em casa e essa música era a
que gostávamos de cantar juntos. Resolvi gravá-la, pois me traz a
sensação de proximidade com ele, como um abraço apertado. Essa canção
traz para o álbum algo diferente de tudo que eu já fiz.
02- Song Swan (Geraldo Roca)
Música de Geraldo Roca, trata do conflito entre os monges tibetanos e o
governo chinês, conflito esse que dura uma dezena de décadas. Pesquisei
bastante essa história para entender a letra, feita a partir de uma
notícia de jornal que dizia: “um carro bomba explode e 16 morrem em
Sichuan (província chinesa próxima ao Tibete)”. E tem mitologia grega
também: “swan song” é o canto do cisne em seu leito de morte. Convivi
muito com Roca e percebo de forma surpreendente questões pessoais dele
na letra. Ser o primeiro a gravar essa canção e poder cantá-la é um
presente da natureza.
03- A Cara da Gente (Rodrigo Hid / Chico Teixeira)
Parceria com Rodrigo Hid, músico e cantor que tocou na minha banda por
muito tempo. Durante um ensaio, me mostrou a melodia e me pediu para
colocar letra. Escrevi algo para ele cantar para uma moça que havia
acabado de conhecer. Acho que por lá não deu muito certo, mas a música
está aí.
04- Chama da Floresta (Chico Teixeira)
“Chama da Floresta” é o nome popular de uma árvore laranja que de longe
parece estar em chamas. Nessa música, acho que surge alguns elementos da
música do interior como os pagodes de viola e uma algo parecido com
tambores africanos. Há influência forte do “Samba de Chula” lá do
recôncavo baiano. A mensagem da letra fala de um viajante que volta para
casa, pois ali tem seu porto seguro, sua família.
05- A Vida é Feita de Sonhos part. especial João Carreiro (João Carreiro / Chico Teixeira)
Música em parceria com João Carreiro, dono de uma simplicidade bem
verdadeira, falamos de amizade, fé, esperança. Uma mensagem positiva
para o povo nesse momento conturbado que vivemos. Ele mandou a letra e
eu musiquei, fizemos à distância. Conheço bem esse universo musical do
interior, é natural para mim.
06- Tardes de Maio (Roberta Campos / Chico Teixeira)
Meu encontro com Roberta Campos foi natural, fomos apresentados pela Nô
Stopa, madrinha dessa parceria. Fizemos logo de cara “Tardes de Maio”:
ela tinha a primeira parte da letra, então fiz a segunda parte.
07- Fique com Deus no Peito (Renato Teixeira / Chico Teixeira)
Fiz música e letra, durante um período de muita tristeza para minha
família, um pouco antes de começar a gravar esse álbum. Vivemos uma
história de superação, fala de saudade e de fé também. Procuro insistir
nesse mantra. Mostrei a música para meu pai e ele arrumou algumas coisas
e surgiu mais uma parceria nossa.
08- Mãe da Lua part. especial de Irene Atienza e Carolina Delleva (Jaime Monjardim / Chico Teixeira)
Letra de Jayme Monjardim que encontrei entre outras tantas letras de meu
pai. Musiquei já há algum tempo, mas ela só ficou pronta após meu
encontro com a banda espanhola Saravacalé. A música fala do urutau, ave
rara e misteriosa da América do Sul, mais comum na região Centro-Oeste e
nas Cordilheiras. Existem muitas lendas populares e indígenas
envolvendo a música “Mãe da Lua”. Ela representa o movimento da arte que
habita em mim.
09- Intuição (Chico Teixeira)
Música e letra minha, feita de forma intuitiva. Após a música pronta,
descobri a história da Ilha Anchieta, localizado no litoral norte de São
Paulo, onde havia um presídio de segurança máxima nos anos 30, 40.
Minha família por parte de pai é toda do litoral.
10- Clélia (Chico Teixeira)
Clélia é a décima música de Saturno e leva o nome de minha bisavó
materna, falecida aos 103 anos! Assim como minha bisavó, minha mãe,
Sandra, também tem sua música instrumental em meu primeiro álbum, “Chico
Teixeira Voz e Violão”, lançado em 2002. Em 'Mais que o Viajante', meu
segundo álbum, meu filho Antonio ganhou 'Ouça Menino', que contém uma
instrumental encaixada, finalizando a canção. Talvez seja minha maneira
de eternizar o mais terno sentimento por membros de minha família.
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TERRA BRASILIS