O Terço é uma
banda brasileira formada no
Rio de Janeiro em
1968 por
Jorge Amiden (
guitarra),
Sérgio Hinds (
baixo) e
Vinícius Cantuária (
bateria). A banda começou tocando rock clássico, mas logo tendeu ao
rock progressivo e ao
rock rural e
MPB caracterizando o som e a diversidade musical da banda.
Segundo o guitarrista
Sérgio Hinds (único membro presente em todas as formações da banda), a palavra
terço
foi escolhida como nome da banda porque é uma medida fracionária que
corresponde a três ou a "terça parte de alguma coisa", como num
Rosário. O Terço caiu como uma luva devido a primeira formação da banda, que era a de trio (
guitarra,
baixo,
bateria). Inicialmente, o nome escolhido tinha sido "Santíssima Trindade", mas para evitar atritos com a
Igreja Católica, foi adotado "O Terço".
O Terço originou-se basicamente de dois grupos, o Joint Stock Co. (que integrava
Jorge Amiden,
Vinícius Cantuária,
Cezar de Mercês e
Sérgio Magrão) e Hot Dogs (que integrava
Sérgio Hinds).
Todos eles viriam a fazer parte da banda em diversas ocasiões. O Terço
surgiu no final da década de 1960 e a primeira formação foi:
Sérgio Hinds no baixo,
Jorge Amiden na guitarra e
Vinícius Cantuária na bateria. Esta formação gravou o seu primeiro LP em 1970, com uma mistura de rock 50, folk e música clássica.
O Terço nesta época tocava em diversos festivais. Com a canção "Velhas Histórias", composta por
Renato Côrrea e
Guarabyra, o grupo ganhou o
Festival de Juiz de Fora. Em um festival universitário, a banda ficou em 2º lugar defendendo a música "Espaço Branco" de
Vermelho e
Flávio Venturini
(que mais tarde viria a integrar o grupo). A banda também classificou
as músicas "Tributo ao Sorriso" (3º lugar) e "O Visitante" (4º lugar),
em duas edições do
Festival Internacional da Canção
(FIC), o que levou a banda a se tornar o grupo revelação pela mídia
especializada, com destaque para o vocal trabalhado em falsete, que era
uma das características da banda.
Primeiras mudanças
Sérgio Hinds havia se afastado do grupo para tocar com
Ivan Lins. Foi então que
Jorge Amiden chamou
Cezar de Mercês para integrar o grupo como baixista.
Sérgio Hinds voltou logo depois para completar o quarteto. Em parceria com Guarabyra, o grupo criou o violoncelo elétrico (tocado por
Sérgio Hinds) e a guitarra de três braços (apelidada de "tritarra", tocada por
Jorge Amiden).
Foi assim que O Terço lançou um compacto duplo com 5 músicas, entre
elas, um tema de Bach, que mostrava a influência clássica da banda.
Logo depois,
Jorge Amiden
que até então era a principal mente criadora de O Terço, se desentende
com o grupo e o deixa. Em acordo entre os outros três integrantes,
Sérgio Hinds registrou o nome "O Terço" para que
Jorge Amiden não o fizesse. Após a saída do grupo em 1972, Amiden criou um novo grupo chamado Karma, junto com os músicos
Luiz Mendes Junior (violão) e
Alen Terra (baixo). O Karma gravou um belo disco ainda neste ano e depois se desfez.
O Terço passou então a ser
Sérgio Hinds (guitarra),
Cezar de Mercês (baixo) e
Vinícius Cantuária (bateria). Ainda em meados de 1972, O Terço participou da gravação do disco
Vento Sul de
Marcos Valle.
Também participaram em algumas faixas o trio "Paulo, Claudio e
Maurício", formado pelos irmãos gêmeos Paulo e Claudio Guimarães (flauta
e guitarra) e pelo arranjador Maurício Maestro, além do guitarrista
Frederiko (Fredera), ex-Som Imaginário. O Terço junto com Marcos Valle
fizeram uma turnê por todo país e tocaram no
Festival do Midem em
Cannes, na
França.
Ascensão ao rock progressivo
Influênciados pelo
rock progressivo
inglês, O Terço mudou a sua sonoridade e em 1972 lançou um compacto
mais pesado com as músicas "Ilusão de Ótica" e "Tempo é Vento". No ano
seguinte O Terço lançou o segundo disco (homônimo). No disco o grupo
mostra que queria mesmo era tocar
rock progressivo.
O disco continha uma longa suíte chamada "Amanhecer Total" (com 6
temas), composto pelos três integrantes e que conta com a participação
de
Luiz Paulo Simas nos teclados sintetizadores (
Módulo 1000),
Patrícia do Valle com a voz na introdução do tema "Cores",
Chico Batera na percussão e
Maran Schagen encerrando o tema "Cores Finais" no piano. O músico
Paulo Moura também participou do disco, tocando
saxofone alto na música "Você aí".
Nova mudança no grupo e aproximação com o rock rural
Após a gravação do segundo disco,
Vinícius Cantuária deixou a banda para tocar com
Caetano Veloso. Entraram na banda
Sérgio Magrão (baixo) e
Luiz Moreno (bateria) para tocar junto com
Sérgio Hinds (guitarra) e
Cezar de Mercês (guitarra base).
A aproximação do grupo com
Sá e Guarabyra deu um guinada na carreira de O Terço. Na época, eles foram convidados a gravar um disco com a dupla (
Nunca, 1974). Esta proximidade com o chamado "
rock rural" da dupla influenciou muito a sonoridade da banda em sua fase posterior.
Sérgio Hinds pediu a indicação de um tecladista para
Milton Nascimento, que indicou
Flávio Venturini. Com o novo tecladista, O Terço começou, já em 1974, a gravar o terceiro disco da banda.
Cezar de Mercês deixou o grupo, mas continuou como compositor e colaborador da banda.
Fase Áurea
Em 1975,
Sérgio Hinds (guitarra),
Sérgio Magrão (baixo),
Luiz Moreno (bateria) e
Flávio Venturini (teclado e viola), concluíram a gravação de seu terceiro disco, o
Criaturas da Noite.
A capa do disco foi elaborada por Antônio e André Peticov e foi chamada
de "A Compreensão". O disco começa com o pulsante baixo de Magrão,
introdução do simples rock "Hey Amigo", composição de
Cezar de Mercês que se tornou um dos maiores clássicos da banda. A influência do
rock rural é bastante presente nas faixas "Queimada" e "Jogo das Pedras" (ambas de
Flávio Venturini e
Cezar de Mercês). A faixa-título (
Flávio Venturini /
Luiz Carlos Sá), conta com os arranjos de orquestra do maestro
Rogério Duprat. O disco traz as instrumentais "Ponto Final" (do baterista
Luiz Moreno, que toca piano na introdução da música) e a suíte instrumental "1974", composta por Flávio Venturini.
Visando mercado internacional, a banda gravou o vocal deste disco em inglês e lançou o
Creatures of the Night.
Em 1976, o grupo foi morar em uma fazenda, em São Paulo. Lá foi concebido todo o novo disco do grupo, que levou o nome de
Casa Encantada. O disco segue a linha do anterior, com
rock progressivo, músicas instrumentais e a influência do
rock rural. O percussionista
Luiz Moreno faz a voz solo das duas primeiras faixas do disco, "Flor de La Noche" e "Luz de Vela" (ambas compostas por
Cezar de Mercês). A faixa "Sentinela do Abismo" (
Flávio Venturini /
Márcio Borges)
é uma música solo do tecladista no disco (cantada e tocada apenas por
ele) com um arranjo de cordas regido por Rogério Duprat.
Cezar de Mercês participou como flautista na faixa-título "Casa Encantada" (
Flávio Venturini /
Luiz Carlos Sá). O disco é encerrado com uma faixa da dupla
Sá e Guarabyra, "Pássaro".
Durante concertos, a banda tocava músicas inéditas que ainda não haviam sido gravadas ainda, como a instrumental "Suíte" (
Flávio Venturini) e "Raposa Azul" (
Flávio Venturini /
Sérgio Hinds).
Mudança de Tempo
Em meados de 1977,
Flávio Venturini decidiu deixar o grupo para fazer um trabalho junto com
Beto Guedes.
Cezar de Mercês voltou ao grupo e trouxe com ele o tecladista
Sérgio Kaffa.
Ainda neste ano, com a nova formação, o grupo lançou um compacto com as
músicas "Amigos" e "Barco de Pedra", ambas compostas por Cezar. A
sonoridade do grupo se voltou mais para a MPB, mas sem esquecer suas
raízes rock-progressivas.
O quinto disco da banda, "Mudança de Tempo", foi lançado 1978. O
disco segue praticamente a linha dos dois anteriores, com músicas
instrumentais, progressivas, mas sempre com diversidade musical. O disco
contou com as participações do maestro Rogério Duprat e de Rosa Maria
(que canta uma música chamada "Minha Fé", uma canção ao estilo gospel
norte-americano).
Nesta época O Terço fez o seu primeiro concerto internacional, no
chamado "Concerto Latino-Americano de Rock". Foram três concertos no
Brasil (São Paulo no Ibirapuera, Campinas e Belo Horizonte) e dois
concertos na Argentina (em Buenos Aires, no Luna Park e em Rosário). A
banda também fez um show junto com os Mutantes no Teatro de Arena de
Ribeirão Preto-SP.
O fim da unidade final
O Terço vinha cumprindo a sua agenda de concertos normalmente. Mas o
desgaste com a gravadora e com gravação do último disco e com as
críticas foi desgastando o grupo também. Além disso,
Sérgio Hinds havia sofrido um acidente o que o impossibilitou de continuar a tocar por um bom tempo. Para a ocasião, a banda contratou
Ivo de Carvalho para ocupar a guitarra e terminar os possíveis compromissos. Ainda em 1978, o grupo chegou ao fim.
Luiz Moreno foi tocar com sua nova banda "Original Orquestra" e depois foi com
Elis Regina.
Sérgio Hinds e
Cezar de Mercês gravaram discos solo no ano de 1979.
Sérgio Magrão junto com os irmãos Flávio e
Cláudio Venturini,
Vermelho e
Hely Rodrigues decolaram com a nova banda
14 Bis.
O retorno
Em 1982,
Sérgio Hinds reatou O Terço com
Ruriá Duprat (teclados),
Zé Português (baixo) e
Franklin Paolillo (bateria), lançando o disco "Som Mais Puro". O disco contou com a participação de
Vinícius Cantuária,
tocando e compondo em parceria com Hinds algumas faixas do disco. A
banda gravou neste disco uma versão mais compacta da música instrumental
"Suíte", composta por
Flávio Venturini que o grupo costumava tocar nos concertos mas nunca havia gravado. Depois o grupo teve um novo recesso.
Sérgio Hinds lançou seu segundo disco solo, intitulado "Mar", no ano de 1986. Na década de 1990
Sérgio Hinds reuniu o grupo periodicamente, com formações diversas, para a gravação de novos trabalhos.
O retorno definitivo
Por volta de 2001,
Flávio Venturini fez um concerto no DirecTV Hall em São Paulo e convidou seus velhos companheiros d'O Terço. O público pode ver (ou rever)
Sérgio Hinds,
Cezar de Mercês,
Sérgio Magrão e
Luiz Moreno
novamente juntos no palco e tocando as músicas do grupo nos anos 1970. O
Terço, ao menos por um breve período de tempo, estava reunido
novamente. A partir daí, os músicos começaram os ensaios para o retorno
definitivo do grupo. A ideia era a gravação de um disco ao vivo com
algumas faixas inéditas. Porém um acontecimento interromperia os planos
da banda: o baterista
Luiz Moreno
sofreu uma parada cardíaca e faleceu, levando o grupo a desistir
temporariamente da ideia do retorno. Com o apoio da esposa de Moreno,
Irinéa Ribeiro, o grupo resolve continuar o projeto. O trio
Sérgio Hinds,
Flávio Venturini e
Sérgio Magrão, junto com o baterista
Sérgio Mello
resolvem seguir em frente. Em 2005, enfim, o grupo marca as datas dos 3
concertos (no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais). O primeiro foi
dia 4 de maio no Canecão (RJ), onde foi gravado o DVD do grupo também.
Nesta noite o grupo tocou quase todas as músicas dos discos "Criaturas
da Noite" (75) e "Casa Encantada" (76), além de "Tributo ao Sorriso"
(70), "Suíte" (75) e "P.S. Apareça" (96), e o concerto contou com as
ilustres participações de
Marcus Vianna,
Ruriá Duprat,
Irinéa Ribeiro e o quarteto de cordas Uirapurú. Na ocasião, foi lançado
um CD de um concerto que O Terço fez em 1976, no Teatro João Caetano (
Rio de Janeiro). Em 2007, o CD e DVD foram enfim lançados.
O Terço continua fazendo concertos periodicamente em 2008 para
divulgação do DVD e pretende ainda lançar um disco de estúdio com
músicas inéditas, sem previsão para gravação e lançamento.
Irinéa Ribeiro, viúva do baterista
Luiz Moreno,
está escrevendo um livro sobre a fase de O Terço em que seu marido
tocou na banda. Em fevereiro de 2013, o baterista Fred Barley substitui
Sergio Melo na bateria.
Se vc gostou compre o original, valorize a obra do artista.
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